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InícioSEGURANÇACom uma bala no crânio, Isabela espera recomeçar sua vida

Com uma bala no crânio, Isabela espera recomeçar sua vida

 Isabela Aparecida da Conceição Lopes, 22 anos, foi vítima de tentativa de feminicídio às 20h30 de 15/7, recebendo um tiro na cabeça nas imediações da praça de Palmeiras, logo após sair do trabalho. 
 
A Polícia prendeu em 11/8, em João Monlevade, Alanderson Vander Silva de Souza, 23 (ex de Isabela), e Amanda da Consolação Silva Macedo Ferreira, 22 (atual companheira dele), acusados de tramar e executar o crime. 
 
Nossa Reportagem ouviu Isabela na tarde de 16/8, na casa dela, no bairro Dalvo Bemfeito.
 
FOLHA – Conte em resumo a sua versão daquele fim de tarde.
 
Isabela – Na saída do trabalho, eu caminhava com uma amiga. Ele [Alanderson] chegou perto de mim e fez o que fez. Eu nunca imaginaria isso. Só lembro que escutei um barulho muito forte perto do ouvido direito e caí no chão. Minha mente continuava ativa e eu entendia que estava passando mal. Depois de alguns minutos, consegui abrir os olhos e aí vi várias pessoas em volta tentando me acudir e fui levada para o Hospital [Arnaldo Gavazza].
 
FOLHA – A versão inicial registrada pela PM era de que você estaria procurando o seu ex, inclusive com ‘trabalho espiritual’. O que tem a dizer?
 
Isabela – É mentira, eu não tinha contato com ele. A última vez foi em dezembro de 2021, se não me engano. A partir daí, só episódios raríssimos falando da nossa filha [de 2 anos], mesmo porque ele me procurou. Eu nem tenho pensão, nunca ameacei nem obriguei o contato dele com a menina. Ele sempre foi insignificante na minha vida, mesmo sendo pai da minha filha, da qual eu mesma cuido. Nunca fiz trabalho espiritual nem pratico esse tipo de religião. Minha família é cristã, nossa fé é totalmente voltada para Deus.
 
FOLHA – A participação de uma adolescente de 13 anos na emboscada é verídica?
 
Isabela – Sim. Ela me procurou no dia anterior, aqui na minha casa, com fralda que seria doada para minha filha. Tentaram me atrair naquele dia e não conseguiram.
 
FOLHA – Como era a sua relação com Alanderson e Amanda?
 
Isabela – Desde o 7º mês de gravidez, eu não tenho contato com ele e muito menos com ela. São insignificantes para mim. Nunca tive confiança nele, por exemplo, para se aproximar da nossa filha, e ele nunca demonstrou esse interesse. Algumas vezes, ela mandou mensagens me provocando, mesmo sem me conhecer. Eu não respondia e bloqueava as mensagens. Tenho tudo no meu celular. 
 
FOLHA – Você reconhece os dois presos como sendo autores da tentativa de sua morte? O que tem a dizer a eles?
 
Isabela – No momento do tiro, eu não o vi. Mas depois da informação policial, de todos os relatos, lembrando da menina aqui em casa com a fralda, não tenho dúvida de que foram eles. Nunca dei motivo para o que fizeram e nada tenho a dizer para os dois nem tenho medo deles. Tudo o que eu faço agora é agradecer a Deus por estar viva.
 
FOLHA – Em algum momento você desconfiou de que pudesse vir a ser vítima desse tipo de violência? O que tem a dizer para todas as mulheres vítimas de violência?
 
Isabela – Não desconfiei de nada. Terminei o relacionamento com ele, não os procurava nem eles me ameaçavam. Eu não sabia nada da vida deles. O que posso dizer para meninas que passam por relacionamentos abusivos é que não aceitem agressões nem ameaças, por menores que sejam. Fiquem atentas, não deixem chegar a situações como essa que vivi. O meu relacionamento com ele durou dois anos e era abusivo. Não estou dizendo apenas de agressões físicas, mas psicológicas e emocionais. Vivi vários tipos de transtornos.
 
FOLHA – Como está sendo a sua recuperação? Existe alguma limitação?
 
Isabela – Graças a Deus tenho boa recuperação. Em alguns dias sinto bastante dor no local do tiro, mas o médico disse que é pela presença de corpo estranho. O projétil segue alojado na minha cabeça porque os médicos não viram necessidade de retirar. A bala está retida num osso bem forte. Talvez nunca tire a bala, não há riscos de me prejudicar a curto ou a longo prazo. Eu só fiquei internada [durante oito dias] para acompanhamento, ficando dois dias no CTI por causa do ferimento. No mais, é vida normal, sem sequelas. Espero poder recomeçar, voltar à minha vida como era antes. Ainda estou afastada do serviço, mas bastante grata por estar tão bem.
 
 
A Polícia prendeu preventivamente em 11/8, em João Monlevade, Alanderson e Amanda. No inquérito, a Delegacia de Mulher de Ponte Nova apura crime de tentativa de feminicídio. Nesta quinta-feira (18/8), ainda tramitava pedido de prisão domiciliar para Amanda.
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