Os texto desta matéria consta da coluna Arte & Cultura, de Ademar Figueiredo, em nossa edição impressa desta sexta-feira (27/5).

"Na sequência das reportagens do projeto '10 fatos sobre mim' (alusivos aos 10 anos da coluna Arte & Cultura), contamos com a presença da musicista Imaculada Alves.
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Meu nome é Maria Imaculada Alves Rodrigues de Carvalho, filha única: nasci em Raul Soares. Já no ventre de minha mãe, Dona Zezé, era embalada com sons de violão, acordeão e cavaquinho. A minha casa sempre foi cheia de músicos, que se reuniam naquelas noites quentes de uma cidade do interior de Minas.
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Até os 9 anos, gostava mesmo era de cantar e dançar. Aos 10, incentivada por um primo, comecei a tocar violão sozinha com uma revista de música. Foi então que meus pais me matricularam com meu primeiro professor. Com ele estudei o violão clássico, cifras e teoria musical.
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Em 1976, nos mudamos para Caratinga e lá, estudando na Escola Normal Nossa Senhora do Carmo, me apresentava em festas e festivais de música. Venci um festival de música religiosa com minha única canção como autora: 'Jovem Deus'. Tocava em reuniões culturais e festivas da cidade e também com os grupos musicais de que minha mãe participava. Tudo isso fez com que eu tivesse uma cultura musical bem diversificada.
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Aos 14 anos, fui requisitada para dar aula de violão pra alguns alunos da Escola. Na época, eu não me considerava competente para ensinar, mas mesmo assim iniciei minha missão de professora e sentia a necessidade de estudar, estudar sempre… Música não tem fim.
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Nessa época, final dos anos 70, a discoteca explodia, mas os grandes nomes como Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil e Caetano Veloso inspiravam uma geração que sonhava dedilhar e cantar suas canções tão necessárias e fortes. E por isso eu tive uma escola com uns 20 alunos e até fiz um recital no quintal da minha casa. Sempre achei importante mostrar meu trabalho e levar os alunos a compartilhar a música com as pessoas!
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Em 1981, me formei e em seguida outra mudança de cidade: Ponte Nova! Quando aqui cheguei, pelo fato de meus pais terem vindo antes, eu já tinha essa missão de dar aula de violão.
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Em 1982, eu formei uma escola de violão com um método criado por mim, entre dedilhados, dicionário de acordes, uma variedade de 23 ritmos diferentes e estilos variados de música em que o aluno pode tocar de tudo um pouco e depois, então, escolher o seu estilo.
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Em mais de 30 anos como professora, acredito ter tido centenas de alunos, muita confiança e respeito de familiares e da sociedade pontenovense. Era uma época em que não havia internet nem a tecnologia de hoje, mas havia o interesse, a pesquisa em aprender música! Tenho muito orgulho e carinho pelo trabalho que desenvolvi em Ponte Nova, que é uma terra muito fértil na arte e na cultura.
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Fizemos 14 Recitais de Violão em clubes e restaurantes. Sempre tive apoio de familiares dos alunos, pessoas ligadas à Administração Municipal e empresários. Nunca visei a lucros com esses recitais, mas o retorno foi alcançado, a gratidão e o reconhecimento.
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Já fui contemplada com o Prêmio Xeleco pelo trabalho em prol da cultura.
Em 1986, ingressei no Serviço Público e fui trabalhar na Secretaria de Fazenda, mas não abandonei a Escola, conciliando as duas coisas.
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O tempo passou e vieram os filhos – Natália, João Paulo e Eduardo. A vida, além de me presentear com seres incríveis, me retribuiu todo amor, quando percebi que eles traziam a música no sangue, no coração e na alma… As pessoas perguntam se eles aprenderam a tocar comigo e eu digo que os primeiros passos a gente ensina, mas a luz e o brilho, cada um conquista o que o coração busca…
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Agora, com o retorno às atividades normais, pretendo reiniciar meus trabalhos como professora de violão, quem sabe…"