Dois homens (identidades investigadas) incendiaram dois ônibus na garagem da São Jorge AutoBus (veja o vídeo) na rua João Alves de Oliveira/Triângulo Novo. Antes de fugir, eles entregaram carta a um motorista avisando que o sinistro era um sinal de alerta para as reivindicações de detentos da Penitenciária de Ponte Nova.
Pessoal do Corpo de Bombeiros/CB atuou no combate às chamas e, conforme esta FOLHA apurou, pelo menos mais dois ônibus teriam sido atingidos se não fosse a reação do garageiro da empresa, que afastou dois veículos da área do fogo. Tudo ficou gravado pelas câmeras de segurança a partir das 2h30 da madrugada de sábado (21/5).
A Polícia Militar ouviu os dois motoristas que, pouco antes do incêndio, chegaram dirigindo os veículos ao finalizar rota de transporte de trabalhadores da empresa Saudali Alimentos. Conforme os depoimentos, dois cidadãos entraram na garagem e pediram permissão para beber água.
Já no escritório, um dos indivíduos sacou uma arma e rendeu os motoristas, entregando-lhes carta manuscrita endereçada à Polícia Militar. "O que estamos fazendo não tem nada a ver com os trabalhadores”, disse este homem. Enquanto isso, o outro suspeito jogou material inflamável num ônibus e ateou fogo. Logo as chamas se alastraram e queimaram o ônibus.
Na carta entregue pela São Jorge à PM, existe acusação contra a Direção da Penitenciária. Leia abaixo a íntegra da carta.
O Corpo de Bombeiros registrou o seguinte: "Quando chegamos, os veículos já estavam em chamas. Iniciamos imediatamente as técnicas de combate direto e indireto para que o incêndio não se alastrasse aos demais veículos e para o almoxarifado da empresa".
A ação dos bombeiros durou cerca de 90 minutos e a guarnição usou aproximadamente 6 mil litros de água. Participaram estes militares do CB: sargento Vítor Lanna Felga, cabos Thales Augusto Carneiro e Allan Bárcia e soldado Luiz Fernando Pedrosa. Não houve vítimas.
A Perícia da Polícia Civil vistoriou, pela manhã, a cena do incêndio. Na manhã desta segunda-feira (23/5), a PM informou que encaminhou a ocorrência e a carta para a Polícia Civil. Esta iniciou a investigação com acesso às câmeras de segurança da empresa São Jorge AutoBus.
Carta na íntegra
“Recado!
Tal reivindicação está sendo realizada pela falta de direitos humanos no Presídio de Ponte Nova.
O diretor Marcos Pedro e sua coordenação, além de não terem respeito com os detentos e familiares, pedem suborno para ocorrer uma transferência pedida.
Tanto ele quanto o diretor do Presídio de Ipaba possuem contato direto para o cumprimento de propina para os detidos não pagarem nenhum valor, enquanto a transferência para um presídio que tenha o mínimo que este não tem: televisão, rádio, atendimento essencial, deveres e dignidade.
E não vamos aceitar continuar nesta situação ou vir para Ipaba. Portanto a cidade de Ponte Nova irá pagar o preço da corrupção dessas 'autoridades'. E se não resolver, na próxima vez, serão queimadas as ambulâncias. O preso merece e precisa de respeito, dignidade humana.
Isso tudo que está acontecendo já foi avisado antes ao diretor Marcos Pedro. Se ele não tomou nenhuma atitude para solucionar, a culpa não é do detento."