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Remanescentes de quilombos em Ponte Nova, Barra Longa e Mariana

A Fundação Palmares homologa títulos para comunidades de Nogueira/Ponte Nova, Volta da Capela, Barretos/ambas em Barra Longa e Campinas/Mariana.
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Propostas de enfrentamento de conflitos escolares no pós-pandemia

 
Repercutiu bastante, no cenário escolar, nesta semana, o Seminário (*1) realizado no Espaço Vila Nobre/Centro Histórico, em 16 e 17/5. A meta foi a de expor aos educadores, com seis palestras, aspectos do acolhimento no retorno presencial das aulas. Houve reflexões sobre o contexto atual de crise e suas implicações para os profissionais da Educação.
 
Em sua palestra de abertura, a juíza Dayse Mara Baltazar, da Vara da Infância e da Adolescência da Comarca, destacou informe sobre casos de conflitos escolares no período pós-pandemia em diversas instituições de ensino (*2).
 
Esta realidade motivou, segundo ela, a organização do evento para envolver a comunidade escolar no debate sobre a busca de mudanças que permitam a solução dos embates com subsídios para o enfrentamento da violência.
 
Dayse mostrou dois vídeos de briga de meninas dentro e fora de escolas da região para considerar o seguinte: após dois anos de isolamento, crianças e adolescentes repetem o que viveram em casa quanto a xingamentos, uso/tráfico de drogas e violência física/psicológica.
 
A magistrada lembrou que em tal cenário há risco de queda no rendimento escolar e aumento dos que estão em situação de vulnerabilidade social. Neste contexto, diz ela, os professores – que tanto mudaram sua rotina na pandemia – convivem com a insegurança. Assinalou Dayse: "O castigo decorrente da indisciplina não abrange o fato de que, por trás dos atos transgressores, há pedidos de ajuda."
 
Propondo busca de “harmonia e pacificação”, a juíza sugere dedicação ainda maior de professores, “que são muitas vezes as pessoas de confiança dos alunos”. Ela concluiu lembrando que “sem educação de qualidade não vamos ter uma nação desenvolvida”.
 
Palavra do promotor
 
Já o promotor de Justiça André Figueiredo, curador dos Direitos da Criança e do Adolescente no Ministério Público/Ponte Nova, lamentou a crescente judicialização dos conflitos. No entender dele, o enfrentamento dos atos infracionais deve, via de regra, merecer consenso extrajudicial, e para tanto “precisamos empoderar os envolvidos no conflito”.
 
 
 
Sendo assim, sublinha André: “É necessária a adesão de famílias, Secretarias de Educação e de segmentos afins, oferecendo assistência psicológica e psiquiátrica, ainda mais que nestes tempos evidenciam-se problemas de saúde mental.”
 
O promotor de Justiça se disse atento também aos casos de violência física – especialmente a sexual: "Nela há sinal de alerta sobre o sofrimento psicológico imposto aos nossos jovens."
 
Defensoria Pública
 
Integrante da Defensoria Pública/Ponte Nova, Raquel Fernanda Tenório foi direta:
"Estamos aqui para dizer que vocês não precisam caminhar sozinhos nas dificuldades. Vocês são os olhos e os braços de um Estado que não consegue abraçar todas as crianças. Os senhores têm o contato com elas que a gente [autoridades do setor] não consegue ter."
 
Enfatizou Raquel: “É urgente o trabalho em rede, porque, se temos alguma chance de atuar de forma mais eficiente e preventiva, ela passa pelos educadores.”  
 
‘Não violência’
 
Carolina Resende da Cruz, assessora da juíza Dayse inclusive na gestão do Centro Judiciário de Solução de Conflitos/Cejusc, ponderou que “devemos tentar evitar que o conflito seja violento e destrutivo”.
 
Ela exortou o público a aderir à comunicação não violenta como “um convite para a escuta empática. Olhar para o outro e ouvir o outro. Escutar por escutar, ter curiosidade no que o outro fala sem se preocupar apenas em responder e rebater”.
 
Responsabilidades
 
Coordenador pedagógico da Fupac/Unipac, Samuel Gonçalves Pinto é também gestor da ONG Circuito do Bem e do Instituto Há Braços. Ele avaliou o cenário do ponto de vista de quem educa. 
 
 Inquiriu Samuel: “Que rede de apoio é importante para este professor imerso num ambiente de mudança, de violência?” E assim ele resumiu: “Temos que reconstruir responsabilidades coletivas e entender que existem corresponsabilidades no projeto educativo.”
 
‘Clima de confiança’
 
Rosane Name dos Reis Fialho, dirigente da Superintendência Regional de Ensino/SRE, foi incisiva: “Não adianta ter o discurso do acolhimento, se na prática ele não existir. Se a gente não considerar a trajetória de cada pessoa, vamos deparar com um número grande de estudantes que vão desistir da escola.” 
 
Concluiu Rosane: “Algumas diretrizes precisam ser observadas, e tem sido este o nosso convite para que a gente possa estabelecer clima de confiança em cada momento de escuta. Isto vale para estudantes e professores.”  
 
Sobre a violência
 
A juíza aposentada Patrícia Pereira Neves encerrou as palestras com oportunas reflexões: “Temos certeza de que um mundo mais pacífico e melhor é possível, mas esta não é a realidade da nossa juventude, que convive com a violência 24 horas por dia.”
 
Completou Patrícia: “Com os nossos smartphones nas mãos, nós almoçamos e jantamos vendo corpos espalhados pelo chão, assistindo a cenas de violência. Podemos dizer que os adultos têm a identidade formada, mas os meninos não. Há o endurecimento do dia a dia e perdem-se a ternura e, muitas vezes, a capacidade de indignação, de formação e de consciência crítica.”
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