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A consequência de aprendizagens perdidas no desempenho escolar em Ponte Nova

 
A equipe do Observatório de Políticas Públicas e Gestão Municipal de Ponte Nova/OPN, assim como a FOLHA, já deu destaque para a complexa recondução da educação pontenovense ainda no contexto da pandemia. Mesmo com o atual arrefecimento do número de casos de Covid, em Ponte Nova e em praticamente todo o resto do Brasil, os desafios no que se refere à recuperação das aprendizagens perdidas permanecem elevados e tendem a escalar com o tempo.
 
Uma das formas de verificar o quanto a pandemia afeta a educação é analisando o desempenho dos alunos no Enem. O Enem, que vem sendo o principal meio para que um aluno possa ingressar em uma universidade no Brasil, tem também o objetivo de avaliar o desempenho escolar ao término da educação básica. 
 
Por isso, procuramos analisar o desempenho dos alunos pontenovenses do 3º ano do Ensino Médio (EM) da rede estadual na prova do Enem, considerando os anos de 2019 e 2020 (ver o gráfico). O ano de 2019 foi o ano imediatamente anterior à pandemia, enquanto 2020 foi o primeiro ano de pandemia e com os seus consequentes efeitos.
 
Com base no gráfico, podemos observar uma queda na nota média da maior parte das matérias (Ciências Humanas, Linguagens e Códigos, além de Matemática). Chamam atenção as quedas em Matemática – uma redução de 9,67 pontos – e em Linguagens e Códigos – com uma redução de 8,76 pontos. Em relação às outras matérias, há uma situação de estagnação, com um aumento de 2,02 pontos em Ciências da Natureza e de um pequeno aumento de 0,66 na nota da Redação.  
 
A situação da educação pontenovense, em específico a do EM, pode parecer apenas preocupante a partir dos dados apresentados, mas toma contornos trágicos quando se leva em conta a diferença do número de alunos que realizaram a prova do Enem em 2019 e 2020.
 
 
Em 2019, um total de 198 alunos do 3º ano da rede estadual realizou a prova do Enem, enquanto em 2020 o número caiu para apenas 75 alunos. Isso sugere uma relação com o abandono escolar e alunos sem perspectiva em relação à continuidade dos estudos e que, muito pelo contexto de crise decorrente da pandemia, passaram a ter novas necessidades: como a necessidade imediata de prover renda para o sustento de suas famílias.  
 
Além disso, é importante ressaltar o agravamento de velhos problemas estruturais na educação pública. Em 2020, mesmo os estudantes que não abandonaram a escola foram, de algum modo, privados de estudar. 
 
No contexto da pandemia, decisões difíceis tiveram que ser tomadas, como o fechamento das escolas. O problema é que, mediante essa nova situação em conjunto com problemas estruturais já conhecidos, não foi possível realizar a devida compensação em tempo hábil, principalmente no caso do ensino público, de forma a garantir a aprendizagem destes estudantes em 2020.
 
O pior de tudo é que esse trágico cenário observado em Ponte Nova pode não ficar restrito apenas no ano de 2020, podendo escalar e se tornar uma realidade também para os futuros anos. Se isso vai ou não ocorrer, passa pela recuperação das aprendizagens perdidas.
 
Lucas Adriano Silva – Doutorando em Economia Aplicada pela UFV 
Lauro Marques Vicari – Economista (UFV) e mestre em Administração Pública (FJP)
 
 
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