Izabela Bartholomeu Noguéres Terra – Médica-ginecologista e obstetra (CRMMG 53.124)

A gravidez na adolescência é um grande desafio para médicos, pais e educadores. Ainda há uma grande parcela da população jovem que ignora a existência de métodos contraceptivos.
Anualmente cerca de 18% dos brasileiros nascidos são filhos de mães adolescentes. Em números absolutos, isso representa 400 mil casos por ano.
A região com mais filhos de mães adolescentes é o Nordeste (180.072 – 32%), seguido da Região Sudeste (179.213 – 32%). A Região Norte vem em terceiro lugar com 81.427 (14%) nascidos vivos de mães entre 10 e 19 anos, seguida da Região Sul (62.475 – 11%) e do Centro Oeste (43.342 – 8%).
A concepção de uma gestação na adolescência traz riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, sendo considerada uma gravidez de risco. Os mecanismos fisiopatológicos que fazem com que haja diferenças no desenvolvimento da gestação em mulheres adultas e em adolescentes ainda não são muito bem estabelecidos.
Mães adolescentes têm, segundo a literatura, um risco maior de sofrer com intercorrências, como ameaça de abortamento, anemia grave, alterações bruscas de peso (desnutrição ou obesidade), hipertensão, pré-eclâmpsia, infecção urinária, placenta prévia, depressão pós-parto, morte materna etc.
Existem fatores predisponentes que podem aumentar a chance de ocorrer a gravidez na adolescência, os quais são etnia negra, pobreza, baixa escolaridade, viver em ambientes rurais, estado marital em alguns países, idade da primeira relação sexual, intercurso sexual sem uso de contraceptivos para prevenção de gravidez indesejada e violência sexual.
Para podermos mudar essa realidade, é necessário um trabalho em conjunto de profissionais de saúde, educadores e pais, para que possamos conscientizar, explicar a necessidade da prevenção e do uso dos métodos contraceptivos e, desta forma, aumentar a adesão ao uso dos mesmos.
Por mais simples que pareça ser a ação, ainda temos famílias que não conversam sobre sexo com seus adolescentes, seja menino ou menina… Ainda temos filhos e filhas que não têm liberdade para tirarem suas dúvidas em casa, portanto é necessário mais aproximação dentro de casa ou simplesmente orientar e dar abertura para que possam buscar informação conosco, profissionais de saúde, onde terão liberdade de conversar o que querem e perguntar o que desejam, com sigilo médico garantido.
Meninas, procurem um ginecologista de sua confiança, e os meninos, um urologista!
Informem-se sobre os métodos contraceptivos existentes e a forma de uso. Além da prevenção da gestação, é extremamente importante o uso do preservativo para evitar doenças sexualmente transmissíveis.
Texto publicado nesta FOLHA na edição – de 11/3 – alusiva ao Dia Internacional da Mulher.