O conteúdo desta matéria é exclusivo para os assinantes.

Convidamos você a assinar a FOLHA: assim, você terá acesso ilimitado ao site. E ainda pode receber as edições impressas semanais!

Já sou assinante!

― Publicidade ―

Festas religiosas movimentam turismo em Ponte Nova e região

O louvor à Santíssima Trindade movimentou o bairro do Triângulo. Teve festa na Capela Santo Antônio e Novena de São João no Macuco.

FOLHA na WEB

Tensão habitacional

InícioCULTURAColuna Arte & Cultura nº 500 entrevista Adair Liberatto

Coluna Arte & Cultura nº 500 entrevista Adair Liberatto

Caros leitores, com esta edição completamos 500 páginas ininterruptas da coluna Arte & Cultura, que começou a circular em dezembro de 2011. Lá se vão 10 anos!

E, como estamos aqui para celebrar a cultura da nossa gente, temos a grata satisfação de entrevistar a pontenovense Adair Liberato.

Falar de Adair não é tarefa nada fácil, pois ela é uma forte referência na produção cultural em Ponte Nova e região. Mas vamos lá: ela é filha de José Liberato, funcionário do DER, e de Maria das Dores, lavadeira de roupas e benzedeira. Estudou nas EMs Luiz Martins Soares Sobrinho e Reinaldo Alves Costa, depois na EE Raymundo Martiniano Ferreira/EE Polivalente e por fim cursou o Ensino Médio na Escola Nossa Senhora Auxiliadora/Ensa. Graduou-se em Letras pela Faculdade de Ciências Humanas do Vale do Piranga/Favap e, na Universidade Federal de Ouro Preto/UFOP, obteve graduação em Artes Cênicas/Direção Teatral. Fez especialização em Crítica e Produção Cultural, na Pontifícia Universidade Católica de MG/PUC Minas, e especialização em Dança e Consciência Corporal, na  Universidade Estácio de Sá/RJ. Foi a primeira secretária de Cultura de Ponte Nova/2007-2008 e de Rio Doce/2009-2020.

Vamos à entrevista:

Você esteve à frente da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo de Rio Doce por 3 mandatos (12 anos). Resuma brevemente como foi este trabalho.

Adair – Enquanto gestora cultural de Rio Doce, eu sempre priorizei ações e projetos de valorização e fortalecimento da cultura local, como também práticas de formação de público. Por isso, o ensino da Música e do Canto Coral, as sessões de cinema, a contação de histórias e pequenas encenações sempre fizeram parte da rotina da população. Além disto, os eventos eram pensados a partir da cultura do município.
O planejamento das festas religiosas, de gastronomia e do Carnaval acontecia com a participação dos Conselhos Municipais de Patrimônio Cultural e Turismo e com representantes de lideranças locais. Através da participação da Secretaria de Cultura em editais do antigo Ministério da Cultura, tivemos a aprovação de projetos no Edital Cine Mais Cultura, para a instalação da Sala de Cinema do município e a Modernização da Biblioteca Pública Municipal. Tivemos também o projeto de Adequação da Antiga Estação Ferroviária, aprovado no Edital da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. O local é a sede da Secretaria Municipal de Cultura e abriga o Espaço Candonga e a Sala Memórias da Ferrovia. Este último é aberto à visitação pública.
Além disso, participei intensamente junto com outros profissionais da escrita dos projetos conceituais de turismo, a serem implantados em Rio Doce pela Fundação Renova: o Parque Urbano de Rio Doce e o Caminho de São José. Sinto ter correspondido às responsabilidades a mim confiadas. 

Você lançou em março deste ano o Espaço Cultural Canto Liberatto. E praticamente no mesmo dia, o decreto municipal de restrições da pandemia impedia eventos presenciais. O que temos de novidade?

Adair – Estávamos em processo de estruturação dos projetos e do espaço físico do lugar. Com as restrições e sem previsão de data para o início das atividades presenciais, optamos por produzir vídeos e lançar o Espaço Canto Liberatto.
Publicamos duas homenagens pelo Dia Internacional da Mulher, uma delas em parceria com a Alepon. Em abril, devido ao intenso confinamento vivido por todos pela pandemia da Covid-19, lançamos a exposição virtual “Abril Esperança”: um convite às pessoas de todas as idades a produzir um desenho e nos enviar. A exposição foi um sucesso.
Criamos essa iniciativa com o propósito de trazer um colorido à vida, contrapondo-se ao tom cinza daquele momento.
Logo em seguida, eu e meu marido pegamos a Covid. Tivemos que ser hospitalizados e, por um tempo, os projetos ficaram adormecidos. Mas cá estamos de volta ao jogo. 

No seu espaço cultural, você pretende realizar parcerias com os artistas locais e com o Poder Público?

Adair – Parceria é sempre muito bem-vinda. Quando se misturam conhecimentos, o resultado é bem melhor. Para quem produz e para quem se destina a produção. Pretendo, sim, trabalhar sempre com outros artistas. Aliás, o Canto Liberatto é o espaço para todas as artes. Também pretendo buscar parceria com o Poder Público e a iniciativa privada. Uma grande produção requer grandes parceiros e parceiros proativos.

Já se vão praticamente 2 anos desde que você passou a exercer suas atividades em Ponte Nova. Como você avalia o atual cenário cultural pontenovense?

Adair – Com a pandemia, o que acontecia em Ponte Nova – e que não podemos dizer que era cultural – acabou. O que tínhamos? Eventos de entretenimento. Para mim, cenário cultural propício é aquele onde se proliferam a arte e a cultura. Não vejo isso ocorrendo em Ponte Nova, nem mesmo antes da pandemia.
Em qual espaço público da cidade podemos nos expressar culturalmente através de oficinas ou cursos utilizando as diferentes linguagens artísticas? Onde podemos assistir em Ponte Nova aos espetáculos teatrais e/ou de danças? A uma sessão de cinema ou à apresentação de um concerto? Visitar uma galeria de artes, um museu etc.? Quantos projetos culturais existem na cidade?
Como eu não vejo a acessibilidade da arte e da cultura destinada à população local, considero o cenário cultural da cidade desfavorável.

Na sua opinião, quais são os pontos fortes dos artistas pontenovenses? Quais as áreas que você destaca?

Adair – Vejo os artistas pontenovenses e todos de um modo geral mais resilientes. Com a pandemia, eles precisaram criar alternativas e serem artistas ao quadrado para sobreviverem e manterem contato com seu público e fãs. Considero-os bravos guerreiros, pois, com toda a dificuldade financeira enfrentada, pela falta de shows, devido às restrições da pandemia, eles ainda optaram por continuarem artistas, alegrando nossas vidas, muitas vezes entristecidas. Em Ponte Nova, percebo esse trabalho contínuo em evidenciar seus trabalhos nos artistas da música e das artes visuais.

Como podemos destacar a produção da cultura local frente ao bombardeio da cultura de massa que muitas vezes não reflete a nossa realidade?

Adair – Observo que Ponte Nova tem uma produção desconectada com o seu lugar e com as pessoas desse lugar. O que se produz na cidade é vazio das nossas histórias e não agrega valor às características da cidade. Qual foi o valor agregado a nós, culturalmente, no prato que representou Ponte Nova no último evento gastronômico organizado pelo Poder Público local? Minas se destaca dentre vários Estados e até internacionalmente pela sua gastronomia tipicamente mineira.
É preciso aguçar o olhar para dentro de Ponte Nova, inclusive dos bairros e das comunidades rurais, para perceber o que está sendo produzido. E tem muita produção independente. Falta uma coordenação mais cuidadosa do Poder Público.

O que você espera para o setor cultural pontenovense pós-pandemia?

Adair – Que a cultura, no sentido plural e literal da palavra, aconteça.

 

error: Conteúdo Protegido