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InícioCIDADENo Comando da PM/Rio Doce, sargento Leni sai em defesa da mulher

No Comando da PM/Rio Doce, sargento Leni sai em defesa da mulher

Para marcar o “Agosto Lilás” e as ações de combate à violência contra a mulher, funciona hoje no país uma rede de enfrentamento da violência doméstica, como ressalta a sargento Leni Márcia Soares de Souza (foto), abrecampense que está na Polícia Militar desde os anos 1990.

Sargento Leni atuou em BH (BPTrans e Batalhão de Polícia de Eventos) e em patrulhamento operacional em Abre Campo, Rio Casca e Ponte Nova (onde comandou Grupo Especial da Rotam). Ela se tornou pioneira ao assumir o Comando de um Destacamento de Polícia (em Rio Doce).

“Meu trabalho agora é de gestão operacional, de forma a gerenciar os recursos que temos, ou seja, militares e viaturas, com o desafio de levar segurança pública, junto com os princípios da justiça com excelência, atenta aos problemas da comunidade e interagindo com todos os órgãos afins, em prol do bem social de todos”, declara ela a esta FOLHA.

Depoimento da sargento Leni

“É preciso garantir a execução de políticas públicas, pois somente a lei não muda a cabeça nem a postura das pessoas. Na perspectiva de ressignificar a cultura de violência no dia 7/8, celebraram-se os 15 anos de sanção da Lei Maria da Penha.

Combater a violência contra a mulher é um trabalho cujo resultado vai muito além da violência doméstica. A gente precisa entender que, quando combatemos a violência doméstica, estamos combatendo tráfico de drogas, pessoas em situação de rua/pedintes, furtantes e assaltantes.

Quando a gente protege a família, a mulher e até o homem, a partir do momento em que ele percebe que está promovendo a violência, você tem pais vivos para cuidarem de seus filhos. Você tem a retirada da violência daquele ambiente, o que vai melhorar a saúde emocional das pessoas que vivem ali. Então, tratar a violência doméstica é tratar toda uma gama de crimes e de outras doenças sociais.

A gente precisa se fortalecer para conseguir melhor atendimento aos nossos cidadãos. Cada atendimento, por mais simples que seja, pode salvar uma vida. Nós, policiais militares e órgãos públicos, temos a visão de que essas capacitações são apenas um ponto do caminho, que é longo."

Sendo a violência doméstica uma demanda da sociedade, a sargento Leni parabenizou a iniciativa da gestão municipal de Rio Doce e Ponte Nova de envolver outras Secretarias nesta luta além da Assistência Social, numa rede de atendimento e sustentação:

"Um pescador precisa que a rede esteja inteira, linhas juntas trabalhando na missão de segurar o peixe. Assim é nossa rede: todos os órgãos juntos trabalhando pela vida daquela mulher (vitima), como também pela família, bairro, cidade e Estado. Porque, se a mulher sofre violência, toda a sociedade sente os reflexos, direta ou indiretamente.

O serviço policial militar é um trabalho de Segurança Pública para as mulheres também. Uma maior garantia da efetividade das medidas protetivas de urgência. Então, entramos naquela lacuna entre o pedaço de papel, a ordem judicial, que é a medida protetiva de urgência, e o cumprimento de fato dessa ordem.

Este é um recado importante que o Estado dá ao homem agressor, de não impunidade para seus atos e também de fiscalização mais especializada. Uma tropa policial militar foi capacitada para atuar nesse segmento através da PVD [Prevenção da Violência Doméstica].

Este papel preventivo é fundamental para evitar que a violência se concretize em muitos dos casos. Antes, as mulheres não tinham garantias e os agressores chegavam até a falar que a medida protetiva de urgência era só um pedaço de papel, a que eles poderiam obedecer ou não. A viatura de prevenção vai atender a mulher que teve a medida deferida pela Justiça através de visitas diárias, acompanhamento em audiências e patrulha no bairro onde ela mora, enfim, uma sequência de ações de policiamento ostensivo e ações preventivas para que essa mulher não sofra nenhum outro tipo de violência por parte daquele parceiro.

Em diversas partes do mundo, as mulheres continuam sendo discriminadas e marginalizadas pelo fato de serem mulheres. Um agravante, no Brasil, é o preconceito enraizado contra mulheres que sofreram violência, que muitas vezes se transformam de vítimas em rés.

Leis são importantes instrumentos para prevenção, conscientização e repressão, mas devem ser implementadas para que tenham efetividade. A vítima de feminicídio é justamente a mulher que não procurou ajuda ou não teve a proteção do Estado.”

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