Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa/UFV desenvolveram filtro para destruir o coronavírus presente em rejeitos hospitalares. Trata-se de membrana capaz de adsorver, ou seja, atrair e reter até as partículas do vírus. “A técnica é simples e muito barata e promete destruir o vírus antes mesmo que ele chegue às estações de tratamento”, relata nota da UFV.
Desenvolvida no Laboratório de Biotecnologia Molecular e encomendada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na busca de novas estratégias de combate à Covid-19, a pesquisa do filtro tem, entre os pesquisadores, o pontenovense Higor Sette Pereira, doutor em Bioquímica Aplicada, o qual já foi notícia neste site (leia aqui).
De acordo com o texto, o filtro é feito de material derivado da celulose, de baixo custo e alta capacidade de produção a partir de biomassa de resíduos vegetais, que poderiam virar contaminantes ambientais, mas podem ser bem aproveitados. A contribuição científica do trabalho foi a adição de cargas elétricas específicas a estas membranas, tornando-as adequadas para atrair e reter as partículas virais.
A pesquisadora Thaís Viana Fialho Martins explica que o filtro funciona como se fosse um cano para a passagem do esgoto hospitalar. Dentro dele estão a membrana que segurou o vírus e uma lâmpada ultravioleta/UV, que aumenta o tempo de contato entre a radiação esterilizante e o patógeno, contribuindo para elevar a eficiência do processo de desinfecção.
Desde 2018, o grupo é liderado pelo professor Tiago Antônio de Oliveira Mendes, que explica o seguinte: a ação da luz UV na membrana desenvolvida na UFV deu ao processo 100% de eficácia na remoção do material genético em apenas 30 minutos de exposição.
“Este tempo parece ser importante para acelerar o processo de tratamento do esgoto hospitalar ou mesmo nas estações de tratamento das cidades”, disse ele, acrescentando o seguinte: a técnica já é testada também para atrair e destruir outros patógenos, como bactérias que causam disenteria (Escherichia coli) e febre tifoide (Salmonella typhi).
Conforme a UFV, para comprovar a eficiência do processo, a equipe de pesquisadores desenvolveu uma espécie de coronavírus sintético, que viabiliza os estudos em ambiente seguro. Para isso, eles isolaram o material genético do vírus retirando dele a molécula com capacidade de gerar infecção.
"Este material foi colocado dentro de outro vírus que não causa doença e emite uma luz facilmente detectada durante o processo de infecção de células em laboratório. Assim, a eficiência da inativação do vírus em esgotos pode ser detectada pela redução da produção do sinal luminoso das amostras em experimentos seguros e controlados em laboratório", continua o informe para arrematar:
"A tecnologia de desinfecção de águas residuais será patenteada pela UFV e já está em fase de escalonamento da produção das membranas e do filtro para viabilizar a industrialização. Enquanto isso, a equipe do laboratório de Biotecnologia Molecular já testa a tecnologia para remover outros vírus e patógenos, incluindo o vírus de hepatite, rotavírus, adenovírus e bactérias causadoras de leptospirose e cólera."
Integram o grupo da pesquisa, além de Tiago e Higor, estes nomes: Ananda Pereira Aguilar, Graziela dos Santos Paulino, Maria Eduarda Almeida Pinto, Thaysa Leite Tagliaferri, Thaís Viana Fialho Martins e Yaremis Beatriz Meriño Cabrera.