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‘Acredito no poder da música e da cultura como ferramenta importante na luta, seja ela qual for’

Na edição impressa da FOLHA desta sexta-feira (27/11), na coluna Arte & Cultura Ademar Figueiredo fala um pouco sobre a cena hip hop em nossa cidade com o artista Rafael de Paula Pereira, conhecido como Fênix RCD (Respeito, Caráter e Disciplina).

Ele é natural de Diadema/SP, porém mora há quase 20 anos em Ponte Nova e foi criado no bairro Triângulo. Compositor/intérprete e atuante na cultura Hip Hop há 8 anos, nela começou compondo poesia e música. Foi integrante dos grupos de rap Conexão Faculdade de Rua e 2+Um e faz parte do coletivo Faculdade de Rua. Hoje atua como cantor, compositor e produtor musical e de eventos em Ponte Nova e Viçosa. Ele ainda informa que teve breve passagem nas Batalhas de Rima. Vale destacar que aqui em Ponte Nova temos o Projeto Arte Salva com 5 edições (2014, 2015, 2016, 2017 e 2018). Confira nosso bate-papo.

Ademar – Como a música entrou em sua vida?


Fênix RCD – Eu tive contato com a música muito cedo através de amigos e parentes. Em casa tive a influência da música negra (o próprio rap) e também de músicas internacionais conhecidas como flashback. Mais tarde, já adulto, comecei a gostar de outros estilos musicais: soul, jazz, samba e um pouco de rock. Hoje em dia, ouço de tudo um pouco, desde que não seja algo desrespeitoso comigo e com os outros.

Letra ou música? Fale um pouco sobre o seu processo de criação.

Fênix RCD – Letra e música sempre… Apesar de novo, ainda sigo a velha escola do rap, onde creio que é importante e vale prezar pela mensagem, de certa forma conversar com quem estiver do outro lado dos alto-falantes ou mesmo nas telas e
eventos. Acredito no poder da música, da cultura como uma ferramenta importante na luta do dia a dia, seja ela qual for. Meu processo de criação é bem variado… Às vezes, começa com um verso, uma frase, um tema geralmente do meu cotidiano,
às vezes através do que o instrumental (beat) me passa. Não tenho um padrão quanto a isso, mas digo que o fundamental, independentemente de como começar o processo, é estar com a inspiração em alta.

Como é a cena hip hop em PN?

Fênix RCD – Estamos vivos… Ainda é uma cena que caminha a passos lentos, mas acredito estarmos na direção certa. Antes da pandemia, estavam acontecendo alguns eventos, entre eles a Batalha de Rima na Pista de Skate. Somos um número ainda pequeno de artistas voltado ao hip hop, mas com certeza somos hoje um número maior do que quando comecei a me envolver com o mesmo.

Você participou de 4 edições do Projeto Arte Salva: comente a respeito.

Fênix RCD – Sim. E com certeza é um dos maiores eventos de que participei até então. Tenho um respeito muito grande com esse Projeto e com todas as pessoas que se envolveram nele nas cinco edições. O evento foi idealizado por Emerson DMG e executado pela equipe Faculdade de Rua, que tem como linha de frente um dos meus padrinhos na cultura hip hop, o Emii-CeeTotta, uma das pessoas mais importantes em minha trajetória. Entre as 4 edições de que participei, em 3 atuei
como um dos produtores do evento. Nesse evento, nosso intuito sempre foi dar visibilidade à nossa arte e às periferias através dos 4 elementos (DJ, grafitte, b’boys e mc’s).

Como está o Projeto Arte Salva hoje?

Fênix RCD – Atualmente se encontra paralisado. Estamos estudando novos formatos para o evento e criando algumas ideias novas para trazer mais
prestígio ao nosso evento. Por enquanto, não há programação, ainda são só projetos, mas nada concreto. Vamos aguardar que tudo volte ao normal para executar nossos planos. De toda forma, posso garantir que muita coisa boa
está por vir, tanto coletiva, quanto individual. Inclusive um documentário sobre o hip hop, já tendo planos sobre como fazê-lo.

O que você tem produzido na pandemia?

Fênix RCD – Muita poesia, uma quantidade boa de músicas para mim e outros artistas. Venho estudando e cada dia mais amadurecendo a ideia de me envolver em outras áreas, como direção de documentários e afins, e também escrever meu primeiro livro, após uma série de materiais lançados… Estou trabalhando em
meu primeiro álbum de estúdio (CD).

De uma maneira geral, como você avalia a aceitação do hip hop em Ponte Nova?

Fênix RCD – Acredito que, como em todos os lugares, ainda está longe do que merecemos. Todos os dias temos de lidar com os mais variados tópicos, dentre eles o preconceito, mas o lado positivo é que o público desta arte cada vez vem crescendo mais e mais.

Qual a proposta do seu canal no YouTube?


Fênix RCD – Apresentar meus trabalhos autorais, minhas produções e eventos em que eu estiver envolvido, como uma forma de as pessoas conhecerem o eu artístico. A princípio, uma plataforma pessoal, mas que está aberta à divulgação de trabalho coletivo, tais como o próprio documentário que estou para realizar.
 

Que mensagem você gostaria de deixar para os leitores?


Fênix RCD – Que olhem mais por nós e para nós (do hip hop, das periferias da cidade), que acreditem em nós, que deem uma chance para nossa arte chegar a mais e mais lugares, através de espaços, de partilhamento de nossos trabalhos. Assim como eu sou, sejam gratos por tudo e busquem sempre viver da melhor forma. Que nos tempos difíceis, como o que estamos vivendo, sejamos os mais humanos possíveis. Cuidem bem de si e do seus entes queridos e amigos.

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