― Publicidade ―

Festas religiosas movimentam turismo em Ponte Nova e região

O louvor à Santíssima Trindade movimentou o bairro do Triângulo. Teve festa na Capela Santo Antônio e Novena de São João no Macuco.

FOLHA na WEB

Tensão habitacional

InícioEDITORIALTributo aos negros

Tributo aos negros

 
Os primeiros sesmeiros chegaram ao Sertão do Guarapiranga em 1750. Um dos pioneiros, Sebastião do Monte de Medeiros, ficou conhecido como “amansador de negros”. E, do exercício desta “profissão”, teria surgido a designação de Córrego das Almas para o curso d’água onde eram jogados os corpos de quem não se submetia ao “amansador”.
 
Sabe-se que, quando Ponte Nova emancipou-se, em 1866, havia três negros para cada branco na população recenseada. Pouco depois, em 1871, no início da construção do Hospital de Nossa Senhora das Dores, houve, entre os muitos escravos cedidos por fazendeiros, um de nome Romualdo, pertencente a Cassimiro Pereira Lima. 
 
Romualdo era carpinteiro e ainda doou certa quantia para a obra, mas não ficou livre ao fim da árdua tarefa, em 1873.
 
Aqui e pelo país afora, negros se rebelaram contra o cativeiro. Se não temos notícia de organização dos “fugidios” no Vale do Piranga, são muitas as comunidades rurais com predominância de negros e há localidades com o nome de Quilombo.
 
Com o fim da escravidão, os fazendeiros investiram na chegada de imigrantes europeus, descartando os negros, que se abrigaram nas matas. Um desses aldeamentos deu origem ao “Sapé”, hoje bairro de Fátima.
 
Nossa história teve principalmente protagonistas homens – e brancos -, havendo raras projeções de negros no século XX, como foi o caso do construtor Acácio Martins da Costa (reforma da Usina Ana Florência e instalação da Usina Jatiboca) e do padre Antônio Pinto (hoje, alvo de campanha pela sua beatificação).
 
Podemos contar com mais nomes de negros ao longo da história do futebol e da arte, mas só elegemos vereadores negros na eleição de 1982, tendo José Pinto da Paixão (Totinho/MDB) como primeiro negro presidente da Câmara. Em 1996, Pedrinho Catarino/PT foi o pioneiro negro candidato a prefeito.
 
Negros – homens e mulheres – destacaram-se em associações de bairro, entidades de classe e instituições religiosas, mas somente no Governo de Taquinho Linhares (2005/2008) tivemos uma negra no primeiro escalão: Adair Liberato foi então nomeada secretária de Cultura. Chegamos à eleição de 2020, com projeção de negros candidatos à Prefeitura e à Câmara, onde três se elegeram. 
 
Fazemos esta divagação editorial (certamente com diversas omissões) como contribuição para a recente agenda do Dia da Consciência Negra, na certeza de que ainda há muito por fazer pela igualdade racial.
error: Conteúdo Protegido