A Academia de Letras, Ciências e Artes de Ponte Nova/Alepon comemorou, em 13 de junho, 26 anos de resistência cultural. Em meio à pandemia e ao distanciamento social, a comemoração foi on-line, via WhatsApp da entidade.
Para ilustrar um pouco tal luta, Ademar Figueiredo, da coluna Arte & Cultura, desta FOLHA, recorreu à 1ª Antologia da Alepon, publicada em 1999, quando a entidade comemorava 5 anos de existência, e reproduziu parte do texto escrito pelo saudoso acadêmico Salvador Ferrari:
“A Alepon é a Academia de Letras de Ponte Nova, entidade sem fins lucrativos, cujo patrono é Santo Antônio de Pádua. Fundada por um grupo de literatos, como Luciano Sheikk, Ricardo Motta, Dorothéa Bernardes Pinto Coelho, Neuzinha Kneipp e Salvador Ferrari, tendo à frente o professor Kleber Rocha – o seu primeiro presidente -, vem a Alepon cumprindo com fidelidade e entusiasmo, desde o início, aquilo a que se propôs: incrementar a cultura em nossa terra. A Alepon é reconhecida como entidade de utilidade pública.”
Segundo Ademar, tal citação se faz necessária para que o leitor possa identificar melhor a Alepon e o trabalho que vem realizando. Diz ele:
"Como responsável pelo conteúdo desta coluna e membro efetivo da Alepon desde 2011, da qual fui presidente no biênio 2016-2017, fico à vontade para escrever esta matéria, pois não se trata de 'pronunciamento oficial' da Alepon.
Acompanho a entidade desde sua fundação, mesmo morando em BH à época. A Alepon, que ainda não tem sede própria, perambulou por espaços cedidos até se instalar em 2011, em sala anexa à Secretaria Municipal de Educação [Semed], no Governo 2009-2012, em comodato por 20 anos.
Ainda assim, a entidade desenvolve notórios trabalhos junto à rede educacional – pública e particular -, participando de festivais, oficinas, varais de poesia, rodas de leitura, sempre apresentando e difundindo a produção literária pontenovense.
Realiza eventos públicos, tais como Circulando a Poesia, Sarau Itinerante, Varal de Poesia, Feira Cultural e palestras literárias conforme a demanda.
Há muitos anos participa da programação em comemoração do Dia do Idoso, junto com a Secretaria Municipal de Assistência Social [Semash], e desde 2007 participa do 'Chá, Café com Poesia' junto com com a Secretaria de Cultura e Turismo.
Destaco ainda o projeto desenvolvido junto ao Complexo Penitenciário de Ponte Nova com cessão de livros aos detentos, o que lhes possibilita, como resultado prático, remissão [redução] do tempo da pena.
A Alepon já está com sua 14ª edição do Concurso Literário Prof. Mário Clímaco, em âmbito local, nacional e internacional. Tem ainda, voltado para os acadêmicos, o Prêmio Prof. Kleber Rocha.
Em certames estaduais e federais, está sempre atenta a possíveis editais. Através desses, já foram lançadas mais de 20 obras com destaque para 'A História da Literatura em Ponte Nova – Volumes1 e 2'.
Com todas as adversidades e dificuldades para manter a Alepon 'de pé', a atual presidente, Beth Iacomini, vem-se desdobrando em ações virtuais, a fim de manter os acadêmicos ativos, propondo oficinas, elaboração de textos e criações diversas em mídia digital. Está em andamento a revista 'Sarau da Alepon', a ser publicada em breve, também por meio digital.
Por conta do reconhecimento de sua utilidade pública municipal, recebeu subvenção por parte da Prefeitura Municipal no Governo 2012-2016, mas agora a entidade está há 3 anos sem receber esses recursos, estando sujeita à legislação do Marco Regulatório (conjunto de normas, leis e diretrizes que regulam o funcionamento dos setores nos quais agentes privados prestam serviços de utilidade pública), mesmo com toda a documentação em dia, prestações de contas aprovadas e registradas em cartório e todos os serviços culturais prestados à comunidade pontenovense e regional.
Está em curso um Edital Municipal de Chamamento para a área de literatura, com data incerta para a publicação de seu resultado.
A entidade nunca teve nenhuma vinculação política, nem aderiu a candidatos nem a partidos políticos. É muito constrangedora a insensibilidade do Poder Público Municipal! Lamentável!
Assim, o futuro das ações da Alepon se torna incerto, pois passou a sobreviver única e exclusivamente através do apoio pontual de alguns empresários e da anuidade paga pelos acadêmicos, que ainda colaboram para a cultura com a sua capacidade de organização e seus talentos."