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Guaraciabense preso em BH com 62 barras de maconha

O flagrante coube a uma equipe da 2ª Delegacia Especializada de Combate ao Narcotráfico, vinculada ao Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico.
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‘Era uma vez em Ponte Nova’

Maria Beatriz Martins Elbling – CEO do empreendimento Estrela da Mata
 
 
“O que você faz aqui, mulher? Sozinha, viúva, neste ermo, isolada de tudo e de todos? Venda a fazenda, vá para o Rio. Seus filhos não estão estudando lá?  Afinal, o que prende você a esta terra?”
 
Desde pequena, esta cena povoa minha imaginação. Quantas vezes ouvi esta história contada com mal disfarçada emoção pela minha mãe, Maria da Conceição Gomes Martins! Era a história da minha avó, Francisca Gomes – ou, simplesmente, Dona Quinha. Aos poucos fui descobrindo a razão de tanto orgulho nos olhos de minha mãe e me deixando tomar pelo mesmo sentimento.
 
Não conheci Vovó Quinha, a não ser pelas narrativas de minha mãe e pelas fotografias em que ela aparecia de coque e roupas tão simples quanto sóbrias. Vaidade, quase nada! Não estava no mundo a passeio. 
 
De uma hora para outra, a vida jogou duro com ela. Perdeu o marido prematuramente. Em seus braços, um bebê de um ano – minha mãe. Em seu horizonte, a vastidão de incertezas de uma fazenda de café para tocar em frente, sem apoio de mais ninguém a não ser o capataz para ajudar na lida diária e o irmão caçula, Antônio Viçoso Cotta (Tonico), médico que lhe acudia no que fosse preciso, mas que nada entendia de lavoura.
 
“Venda a fazenda, comadre! O que prende você a esta terra?”
 
O conselho da amiga era carregado de racionalidade, mas Dona Quinha decidiu que seu lugar era ali e fincou pé. Estabeleceu para si mesma um desafio e uma missão: fazer daquele cafezal a base econômica para dar sustento e principalmente educação aos filhos, que estudavam em colégios internos no Rio de Janeiro.
 
Foi sofrido. Chorava discretamente, num banquinho, a cada despedida de minha mãe para ir ao internato. Mas construiu, a ferro e fogo, uma tábua de princípios que minha mãe seguiu e transmitiu para nós. 
 
Determinação, resiliência, trabalho duro e fé incondicional na educação: eis o legado que ela deixou. Além de um amor à terra, à nossa terra. Um apego que cresceu em mim ao longo da infância feliz que tive no campo, andando a cavalo, correndo livre e solta sob as bênçãos de uma natureza generosa e exuberante, imaginando ser a “Narizinho das Reinações” (obrigada, Monteiro Lobato!).
 
Acho que há muito de Dona Quinha e de minha mãe no insight que me fez pensar, pela primeira vez, no Projeto “Estrela da Mata” e que agora se desenvolve a passos tão largos. As gerações que estão por vir haverão de compartilhar conosco o sonho de uma vida pura, livre, segura – em uma integração sublime e respeitosa com a Mata Atlântica.
 
“Afinal, o que prende você a esta terra?”, perguntou a comadre da Vovó Quinha, um século atrás. Princípios, eu diria. Princípios e sonhos que fazem a têmpera de uma grande mulher, a qualquer tempo.
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