Não havia previsão, ate o início da tarde desta terça-feira (10/12), para o encerramento do Júri Popular na sede do Fórum de Ponte Nova. Na pauta, a tentativa de feminicídio ocorrida em 10/11/2017, num sítio de Guaraciaba, onde Débora Glória Goularte recebeu três tiros (um no peito e dois no rosto), tendo como acusado seu marido, o empresário Washington Luiz Ságio.
No fechamento desta nota, às 12h30, eram ouvidas testemunhas do caso. Preside a sessão do Júri o juiz Felipe Alexandre Rodrigues, da 2ª Vara Criminal/Ponte Nova. O Conselho de Sentença está formado por 5 mulheres e dois homens. O sorteio dos jurados ocorreu às 9h, com o acesso da Imprensa ao Salão do Júri liberado só às 9h27.
Washington está sentado ao lado de seus advogados, Antônio Marques Carraro Júnior e Vinícius Ibrahim Silva. A promotora do caso é Cyntia Campos Giro.
A primeira a prestar depoimento foi Débora. Também foi a primeira vez que ela presta depoimento durante o transcurso do processo. Único momento em que Débora prestou depoimento – por escrito – foi alguns dias após o crime (quando esteve em recuperação no Hospital Arnaldo Gavazza), o que ficou a cargo da delegada Débora Meneguitte de Morais (que também concluiu o inquérito policial) e sua escrivã Dayse de Fátima da Silva.
Débora contou que vivia “relacionamento complicado” e tentou a separação por algumas vezes. Alegou que no dia do atentado a discussão começou na estrada Ponte Nova/Guaraciaba, até na chegada ao sítio da família.
Débora disse que o atrito aumentou quando aconselhou o marido a não comprar um carro de alto valor naquele momento, já que a empresa tinha perdido quase R$ 200 mil em processos trabalhistas. Além do mais, ela descobriu que o carro estava sendo financiado em seu nome.
Débora respondeu perguntas do juiz Felipe Alexandre. Disse que nunca manuseou uma arma de fogo. Informou que Washington comprou a arma (não soube dizer o calibre) e tinha aproximadamente 60 munições.
A vítima contou que Washington “não aceitava compartilhar nada na separação”. Ela também disse que Washington tinha relacionamento fora do casamento e isso também era motivo de desavenças e brigas.
Atendendo as perguntas da promotora Cyntia, Débora informou que no sítio havia oito câmeras de segurança, as quais não estavam gravando pela falta de DVR para salvar as imagens.
Débora chorou ao falar das sequelas. “Perdi parte da audição do lado esquerdo. Tenho dificuldades para respirar, perdi parte da língua, ainda tenho dificuldade para me alimentar”, declarou ela, que vive com cerca de R$ 3 mil por mês, referentes a aluguéis de apartamentos.
Ameaças
Débora declarou que nas últimas três semanas vem sendo ameaçada via telefonemas: “Recebi uma ligação há três semanas mais ou menos, e um homem dizia que queria conversar pessoalmente comigo. Fui orientada por minha advogada a não encontrá-lo. E na última quinta-feira [5/12] recebi novamente a ligação, e a pessoa disse que era para eu tomar cuidado.”
Num telefonema, Débora recebeu esta ameaça: "Se Washington continuar preso, você não vai morrer. Vai ter seu rosto e seu corpo desfigurados. A família dele tem muito dinheiro.” Ela revela que, estando em locais públicos, “tem sempre alguém tirando foto e fazendo filmagens”.
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