O seminário da Subseção/Ponte Nova da Ordem dos Advogados do Brasil/OAB sobre “O Empoderamento e a Participação da Mulher na Política Brasileira” contou com público aquém do esperado na manhã desse sábado (5/10), mas teve informações de qualidade. A iniciativa foi da Comissão de Direito Eleitoral da Ordem, presidida por Luiz Gustavo Abrantes Carvas.
Já na abertura, a presidente da OAB, Glorinha Cunha Carneiro, foi incisiva: “As mulheres precisam e devem lutar pelos seus direitos e se fazer representar em todos os segmentos da sociedade. Há progressos sensíveis na evolução da presença da mulher em vários segmentos, mas perseveram fortes desigualdades em relação ao homem, sendo que o caráter reacionário de rejeição aos direitos da mulher evidencia o domínio machista na sociedade.”
Ela protestou pelo fato de persistir “uma sociedade secularmente comandada por homens, deixando para a mulher um lugar secundário, de mera coadjuvante”. Felizmente, enfatizou ela, “as mulheres são firmes, corajosas, persistentes e pertinazes na busca de seus objetivos”. Ao final, ela parabenizou “todas as que lutam com coragem e firmeza de caráter em busca de uma sociedade mais justa, sem preconceito e mais fraterna”.
Ao falar sobre “Mulher na Política: Evolução Histórica, Desafios e Possibilidades”, a juíza Dayse Silveira Baltazar, diretora do Fórum da Comarca/Ponte Nova, assim concluiu: “Não se busca guerra com os homens nem a masculinização da mulher”. Buscam-se, segundo ela, “o respeito mútuo, a soma de forças para juntos buscarmos um vida melhor e mais digna para todos. Afinal, lugar de mulher é onde ela quiser”.
Com o tema “Papel da Justiça Eleitoral e as Cotas de Gênero”, o juiz José Afonso Neto, responsável pela Vara Especial Criminal e Cível da Comarca, foi direto: "As mulheres têm que se envolver na política e em todos os segmentos da vida pública, lutando pela reformulação das leis feitas pelos homens, que, só pela pressão da opinião pública, flexibilizam a legislação atual."
Ao se deter no item “Fraude nas Cotas de Gênero”, Cintya Campos Giro/promotora de Justiça na Comarca pontenovense, refletiu sobre a evolução do direito eleitoral, mas denunciou as tentativas de se burlar a questão da cotas, citando, entre outros exemplos, o recente escândalo das candidaturas femininas “laranjas” no âmbito do PSL, envolvendo candidatas nas corrupção relatada no uso de verbas do Fundo Partidário.
“Papel dos Partidos Políticos no Incentivo à Participação Feminina na Política” foi o tema da deputada estadual Ione Pinheiro/DEM. Ela contou como foi – e ainda é – discriminada dentro de seu partido e a luta para ampliação da representatividade feminina na Assembleia Legislativa. Postura similar teve a vereadora Brenda Santunioni/Progressistas, de Viçosa, que acrescentou, na sua luta contra a discriminação, o fato de ser transexual.
Ao darem seus depoimentos no tema “Participação das Mulheres no Espaço do Poder”, Valéria Alvarenga/PSDB (vice-prefeita/PN e também secretária de Assistência Social e Habitação) e Aninha de Fizica/PSB (presidente da Câmara/Ponte Nova) também mencionaram posturas discriminatórias de seus respectivos partidos, assinalando o quanto se empenharam para sobressair num cenário masculino: ambas são pioneiras na ascensão aos seus cargos.
Valéria ainda assinalou o apoio de sua mãe, Vera Lúcia, inclusive em data recente, quando se viu desiludida com a política (na qual começou como vereadora). Aninha ressaltou a inspiração na sua mãe, Maria da Conceição Ferreira (Mãe Fizica), com seu longo trabalho social e religioso.