Raquel Rodrigues Marques de Sousa – CRPMG 04/23796
Psicóloga e Coach
Qual é a diferença entre as pessoas que são capazes de levantar-se, superar os problemas da vida e as que não? A resposta é de um dos maiores gênios do século XX, o psiquiatra austríaco Viktor Frankl: “O fator determinante é a decisão, a liberdade de escolher: tornar-se quem quer ser, apesar das circunstâncias.”
Frankl nos diz que, apesar das condições que a vida muitas vezes nos impõe, como ter nascido em determinado lugar, em tal família, com boas condições financeiras ou não, esses condicionantes não são determinantes para o comportamento do sujeito. Há sempre a possibilidade de atuar livremente como ser responsável pela própria vida.
As pessoas, de um modo geral, no entanto, não reconhecem nem admitem a liberdade e a responsabilidade como possibilidades, colocando o ser humano como algo (determinado) e não como alguém.
Dentro deste contexto, como fica a mulher e seus condicionantes sócio-histórico-culturais, que reforçam, de forma sutil, na maioria das vezes, que o lugar dela é no ambiente doméstico?
Do ponto de vista psicológico, propósito é viver algo que você percebe como maior e mais importante do que você, e muitas mulheres restringem a vida ao ambiente doméstico, talvez por esse entendimento: cuidar da família é maior e mais importante do que elas, e tal compreensão, quando honesta, justifica-se. Outras mulheres, contudo, aí estão (“em casa”) pela lamentável constatação de não saberem para onde ir ou por não conseguirem opor-se, rebelar-se contra esta lógica “exigida”.
Posso dizer que estas últimas sentirão um enorme vazio, pois não se cumprir o que veio fazer nesta existência, não estar no lugar que deveria é um dos maiores geradores de sofrimento e angústia. Em contrapartida, encontrar um propósito para a vida nos faz avançar, apesar da dor que assola a todos nós, seres humanos.
Estudos demonstram que a primeira fonte de propósito é a religião, seguida da família e, por último, da profissão, ou seja, a maioria das pessoas gostaria de estar fazendo algo diferente do que faz.
Eu tenho a graça de poder dizer que meu trabalho como psicóloga e como proprietária de uma clínica – credenciada pelo Detran – me traz um propósito fantástico (apesar de ter que me equilibrar entre as tarefas de dona de casa, mãe e esposa), que é ajudar os meus pacientes a encontrarem um sentido para a vida deles, através de uma construção que lhes proporcione um maior conforto existencial.
Compartilho com vocês que, quando me perguntam quanto a não estar em tempo integral no ambiente doméstico, principalmente quando na fala há um viés crítico com relação aos cuidados com meu filho, respondo: “Mães frustradas é que estragam seus filhos.”
O meu desejo é que as mulheres encontrem seu lugar no mundo, pois, partindo do pressuposto de que o que queremos, de fato, é ter sentido de vida (teoria do Viktor Frankl denominada “Logoterapia”), seria uma lástima desperdiçar esta existência, que é tão curta e única, ou seja, não viveremos nunca mais essa experiência de sermos quem podemos/devemos ser.