Essa quinta-feira (7/2) foi marcada pela primeira sessão, neste ano, do Conselho de Sentença do Tribunal do Júri da Comarca de Ponte Nova.
Sob a presidência da juíza Dayse Mara Silveira Baltazar, da 1ª Vara Criminal/Ponte Nova, ocorreu, durante todo o dia, o Júri do assassinato de Gleysson Rodrigues (Gleissinho), 29 anos, morto a tiros em 8/11/2016, numa complexa ocorrência registrada na rua Santa Terezinha, a poucos metros da Câmara Municipal.
A motivação do crime seriam tráfico de drogas e disputa por ponto de venda na Vila Alvarenga. A investigação policial e o processo criminal apontaram como acusados Roney Rafael, José Carlos Roberto de Nacif Gomes e um adolescente de 16 anos. O processo ainda envolve a participação de Pablo Alves Flausino, 20, que estava na companhia de Gleissinho.
No Júri de 7/2, Roney foi absolvido por falta de provas, como concluiu o Conselho de Sentença, em ato ratificado pela juíza. Ela concedeu ao réu o direito de responder em liberdade a eventual recurso do Ministério Público, E emitiu ordem para edição do alvará de soltura do rapaz, que desde 2016 estava recluso no Complexo Penitenciário de Ponte Nova.
Atuaram em sua defesa os advogados Bruno Menezes e Viviane Pâmela Romano Silva. Ambos focaram na negativa de autoria diante da fragilidade e/ou ausência das provas, bem como apontando falhas na perícia do local do crime e nas investigações que se seguiram ao assassinato.
Note-se que, entre os acusados da morte de Gleissinho, apenas Roney e o adolescente estão vivos: José Carlos foi assassinado em 2017, em Belo Horizonte, e Pablo, morto a tiros em sua casa, na Vila Alvarenga, em dezembro/2018.
O processo
Conforme a denúncia do Ministério Público, às 16h, na rua Minas Gerais/Vila Alvarenga, os denunciados Roney Rafael e José Carlos, além do adolescente, tentaram – “em divisão de tarefas” – matar Gleissinho. Erraram, todavia, o alvo.
No mesmo dia, às 16h10, ainda na Vila Alvarenga, estando na companhia de Gleissinho, Pablo tentou – sem sucesso – matar Roney, José Carlos e o adolescente. Minutos depois, ainda na rua Santa Terezinha, a bordo de Chevette, este trio executou Gleissinho com dez tiros.
A defesa de Pablo chegou a alegar não existirem provas contra ele. Ainda argumentou-se que “não foi demonstrada de forma clara a presença de José Carlos”.
A defesa de Roney afirmou, em Juízo, que a investigação foi falha, “deixando margens para dúvidas acerca dos fatos”. Além do mais, “restou amplamente demonstrado nos autos que o autor dos disparos foi o menor, sendo que Roney apenas dirigia o carro.
De fato, o menor assumiu a autoria dos tiros. “Todavia – conforme consta no processo judicial – é possível que a confissão do menor tenha o objetivo de afastar a responsabilidade de seus comparsas, o que deve ser avaliado pelos jurados”.
Consta ainda nos autos que o motivo do crime seria a versão de que Gleissinho teria sido o delator de rede de tráfico que atuava naquele bairro e noutras regiões da cidade. Na apuração do crime, mencionou-se, no processo, o seguinte:
– Gleissinho conduzia uma moto (tendo Pablo na garupa) e foi perseguido pelos ocupantes do Chevette.
– Houve tiroteio, e Pablo atirou acertando na região axilar esquerda de Roney e fugiu a pé, porque sua arma ficou sem munição.
– Gleissinho continuou a dirigir a moto até desembarcar e tentar esconder-se num bar, onde, mesmo ferido, Roney chegou e disparou várias vezes contra ele, deixando o local a pé e caindo ferido a 30 metros dali, onde repassou a arma ao adolescente (que fugiu do local) antes de ser socorrido por populares.
Pablo condenado
Conforme divulgou esta FOLHA, o Conselho de Sentença do Tribunal do Júri concluiu, em 24/10/2017, que Pablo (cuja pena chegou a 18 anos de reclusão) foi culpado pelas tentativas de homicídio contra Roney, José Carlos e o adolescente. Ele cumpria a sentença e obteve liberdade no 2º semestre de 2018, mas foi assassinado em dezembro do ano passado.
Novo julgamento – O próximo Tribunal do Júri está marcado para 19/2 (terça-feira), constando na pauta o caso de Marcos dos Santos Lopes e Joberto dos Santos Lopes, tendo como vítima Soraya de Brito Gonçalves, em ocorrência no bairro Triângulo.