Ao fechamento desta nota, conforme apuração desta FOLHA, estava sob controle a situação no Complexo Penitenciário de Ponte Nova/CPPN.
Às 5h desta sexta-feira (24/8), ocorreu motim em quatro celas masculinas (38, 39, 40 e 41) de uma ala da unidade prisional, envolvendo 23 detentos, mas os agentes de segurança agiram para conter os amotinados. Vale lembrar que o CPPN abriga cerca de 1.200 presos e foi construído com capacidade para 600.
Conforme boletim do Setor da Guarda Prisional e da Polícia Militar, os reclusos da cela 40 atearam fogo em pedaços de colchões, uniformes e lençóis. Em seguida, os detentos das outras três celas começaram a depredar as paredes de seus banheiros e colocaram colchões nas grades para dificultar a visualização dos agentes de segurança.
Depois de negociar com os amotinados, os representantes da Diretoria de Segurança contaram com apoio do pessoal do Grupo de Intervenção Rápida/GIR e do Grupo de Escolta Tática Prisional/Getap para invadir as celas, vencendo a resistência de parte dos acautelados com uso moderado de força e spray pimenta, além de munição de calibre 12, como constou no boletim de ocorrência.
Seguindo o boletim, inicialmente surgiu informe de que a "subversão da ordem" não teve motivo aparente. Após o restabelecimento da disciplina, com interdição da cela 41 “pela falta de condições de uso”, os detentos relataram a falta de medicamentos e de assistência social, à saúde, psicológica e jurídica.
O boletim relata, ainda, que, na véspera, se descobriu um plano de fuga envolvendo os reclusos da cela 46, “que se dizem integrantes de uma facção (não se informou qual), sendo identificados todos os envolvidos”.
Logo cedo, alguns familiares de detentos tentaram chegar à Portaria da CPPN para obterem informações, mas ficaram retidos numa barricada (foto) montada – a 500 metros da entrada principal – pela Guarda Prisional.
Esta FOLHA apurou oficiosamente que a administração do Complexo Penitenciário convocou agentes prisionais que estavam de folga, mobilizando reforço de agentes de segurança da Penitenciária de Caratinga.
A Polícia Militar de Ponte Nova foi acionada por volta das 7h40, enviando efetivo com 20 policiais em cinco viaturas.
Falando a esta FOLHA, o comandante da Polícia Militar/Ponte Nova, major Jayme Alves da Silva, disse que “a PM se limitou a mobilizar efetivo para agir caso a situação se agravasse. Não chegamos a ter contato com os presos, pois a situação foi contornada internamente pelos agentes”, informou o major.
Nota da Redação – O motim coincidiu com a proximidade da data do décimo primeiro ano da rebelião que, em 23/8/2007, resultou na destruição da antiga Cadeia Pública, com registro de 25 presos mortos.