Segundo informações do Conselho Tutelar/CT de Ponte Nova, um dos maiores problemas no encaminhamento das demandas é a ausência de pais na formação de crianças e adolescentes. É crescente o índice destes sendo educados apenas por mães e avós.
“Temos, sim, pais preocupados com a educação, mas são muitos os que negligenciam a responsabilidade”, relata uma conselheira.
Esta FOLHA obteve, no Escritório Regional de Ponte Nova do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/ IBGE, informações do Censo Demográfico de 2010, ano em que já se notava esta realidade, ao se pesquisar o “compartilhamento de responsabilidades nas unidades domésticas”.
De um total de 17.656 domicílios, 11.194 tinham homens como responsáveis contra 6.462 mulheres (37,62%). A constatação de famílias sem pais é maior na área urbana, onde, das 16.007 casas, há 6.155 comandadas por elas (38,45%). Já nas comunidades rurais, houve censo de 1.649 famílias, das quais 307 (18,6%) estavam sob responsabilidade feminina.
Pesquisa dos EUA
Pesquisas mostram que os pais exercem grande influência no desenvolvimento inicial de seus filhos e os resultados benéficos do envolvimento se refletem ao longo de toda a vida.
Há o “Projeto Paternidade”, do Departamento de Psiquiatria do Massachusetts General Hospital, vinculado à Escola de Saúde da Universidade de Havard/EUA, salientando os fatos positivos do envolvimento dos pais no desenvolvimento de seus filhos.
Os resultados benéficos para as crianças não se limitam à infância:
– As pessoas com figuras paternas ativamente envolvidas durante a infância são mais propensas a terem níveis mais altos de sucesso em suas carreiras, uma chance melhor de ter casamento forte e duradouro e capacidade aprimorada de lidar com o estresse.
– Achados relacionados indicam que a ausência emocional dos pais tem efeitos negativos duradouros no desenvolvimento infantil.
– A ausência do pai é definida como qualquer situação em que o pai está psicologicamente desconectado de seus filhos, esteja ou não morando no mesmo lar.
– Muitas vezes, entretanto, o pai não está morando na mesma casa, mas o seu envolvimento, preocupação e presença são tão significativos que a criança tem desenvolvimento saudável para enfrentar os desafios da vida.
– Apurou-se que, quando ambos os pais estão envolvidos com a criança, os bebês são apegados a ambos os pais desde o início da vida.
– O envolvimento do pai está relacionado a resultados positivos de saúde infantil em bebês, entre eles: melhora no ganho de peso em bebês prematuros e melhores taxas de amamentação.
– A atuação do pai, associando paternidade e autoridade (amando e colocando limites e expectativas claros), leva a melhores resultados emocionais, acadêmicos, sociais e comportamentais para as crianças.
– As crianças que sentem proximidade com o pai são duas vezes mais propensas a entrar na faculdade ou a encontrar emprego estável depois do ensino médio e têm 75% menos probabilidade de ter um filho adolescente, 80% menos chance de passar um tempo na prisão e metade da probabilidade de apresentar múltiplos sintomas de depressão.
– Os pais ocupam papel crítico no desenvolvimento infantil: a sua ausência dificulta o desenvolvimento desde a infância até a idade adulta.
– O dano psicológico da ausência paterna experimentada durante a infância persiste durante todo o curso da vida.
– Altos níveis de envolvimento do pai estão correlacionados com níveis mais altos de sociabilidade, confiança e autocontrole em crianças.
– O engajamento do pai reduz a frequência de problemas comportamentais nos meninos e, ao mesmo tempo, diminui a delinquência e a desvantagem econômica nas famílias de baixa renda.