Cerca de 150 alunos da Faculdade Presidente Antônio Carlos/Fupac de Ponte Nova aderiram à manifestação, na noite dessa segunda-feira (21/5), contra a demissão – efetivada nessa sexta-feira (18/5), do professor Gilson José de Oliveira. Eles usaram o slogan “Temos o direito de saber, temos o direito de opinar”.
Os protestos se iniciaram na entrada da Faculdade (no alto do Pau d’Alho) a partir das 19h dessa segunda-feira reunindo estudantes de todos os cursos, inclusive ex-alunos.
Como esta FOLHA apurou, Gilson foi demitido “por justa causa” depois de 14 anos lecionando, na Instituição, nas disciplinas de Filosofia, Sociologia e Ciências Políticas. Ouvido por este Jornal, ele preferiu não dar declarações antes de obter o motivo da dispensa em reunião com dirigentes da Fupac.
Nossa Reportagem acompanhou a manifestação apurando que, há cerca de uma semana, uma estudante do Curso de Pedagogia (que discorda da demissão do professor, conforme relato de seus colegas) foi flagrada “colando” durante uma prova ao usar via celular o Google Tradutor para pesquisar informação.
Logo surgiu, na sala de aula, o som da reprodução da pergunta, levando Gilson a adverti-la referindo-se ao “capeta” para exemplificar sobre os riscos da “cola”. Estudantes ouvidos pela FOLHA consideraram que Gilson agiu de forma correta ao advertir sobre uso de celular na sala de aula.
De fato, os alunos confirmam que Gilson usou uma “expressão mais forte”, mas logo se desculpou. “Não vimos problema pelo uso do termo, pois ele explicou que atitudes assim [no caso da cola] não nos levariam a lugar nenhum, que as provas de concursos não têm consulta. Achamos certa a advertência e a abordagem que ele fez”, relatou um estudante que preferiu não se identificar.
A notícia de que Gilson foi demitido chegou aos alunos durante o final de semana, e logo houve comunicação para realização do protesto. Eles ainda alegam que os seus comentários, postados no perfil mantido pela Faculdade no Facebook, são sistematicamente apagados.
Além, disso, palestra marcada justamente para 21/5 “foi cancelada sem maiores explicações”. Segundo os estudantes, esta palestra envolveria justamente o Curso de Pedagogia, que comemorou, nesse domingo (20/5), o Dia do Pedagogo.
Os alunos exigem auditoria sobre o caso da demissão de Gilson. “Eles [a Direção da Faculdade] disseram que seis alunos reclamaram da atitude do professor, mas… e os demais alunos que estão em defesa dele não vão ser ouvidos?”, questionou um estudante.
Conforme esta FOLHA apurou, encerrando-se o protesto na porta principal da Faculdade, houve reunião geral no auditório com dois representantes da Faculdade: o diretor, Fernando de Sousa Santana, e a coordenadora do Curso de Pedagogia, Telma de Oliveira Vidigal.
Os estudantes expuseram a reivindicação de reintegração do professor Gilson. De acordo com um estudante, Fernando e Telma “não foram claros quanto à demissão: disseram que ele contrariou normas da CLT [Consolidação das Leis do Trabalho], mas não disseram quais”.
Na manhã desta terça, nossa Redação não conseguiu ouvir dirigentes da Escola. Por telefone, Telma disse que o diretor Fernando poderia falar sobre a questão no final da tarde deste dia, entretanto, Fernando optou por não dar declarações – ainda – sobre o assunto.