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À frente do grupo, estavam Maria Cosme Damião e Adão Pedro Vieira, respectivamente presidente e secretário do Conselho Municipal de Saúde.
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‘Moura´Yndio’, o novo trabalho de Délcio Teobaldo na TV

Editor da página de Arte & Cultura nesta FOLHA, Ademar Figueiredo entrevistou, na edição dessa sexta-feira (6/4), o pontenovense Délcio Teobaldo, compositor, instrumentista e etnomúsico radicado no Rio de Janeiro.

“Moura´Yndio é o legado dos antepassados que tecem entre os contemporâneos a oportunidade de fortalecer nossas raízes. Aqui estão Moura’Yndio & Mundeiro. Que os xerafins afortunem e as luzes norteiem a caravana desses cantos e sons peregrinos… Gratidão, companheiros!”

Assim publicou Délcio Teobaldo (que há mais de 20 anos viaja pelo mundo conhecendo as mais variadas culturas) em 24/3 (sábado), no mesmo dia em que apresentou, no programa “Todas As Bossas”, da TV Brasil, especial de seu novo trabalho, “Moura´Yndio”, e algumas canções do repertório de “Mundeiro”, seu trabalho anterior.

Entre os convidados do programa, estavam Carlos Negreiros, cantor, percussionista e maestro da Orquestra Afro-Brasileira, e o violonista pontenovense Wesley Costa Mello.

Segundo Délcio, “foram seis anos de incursões que me levaram a Portugal: de sobrevoo sobre o rio Tejo, a caminho de Londres, em 2010, ao pouso em agosto de 2016, quando visitei Algarve, Albufeira e Paderne, onde reencontrei as memórias dos meus bisavôs e tataravôs, nos gestos, costumes e festares. Em Paderne, por exemplo, reconheci os cantos das lavadeiras e conheci o tamboril, instrumento com que os portugueses estabeleceram o primeiro diálogo musical com os índios brasileiros, como o escrivão Pero Vaz de Caminha narra na 'Carta do Achamento do Brasil”. Confira nosso bate-papo com ele.

Ademar – Como podemos apresentar o espetáculo?

Délcio Teobaldo – Depois de “Mundeiro”, meu primeiro álbum autoral, lançado em 2012, estou gravando “Moura’Yndio”. Fiz o pré-lançamento pela TV Brasil nacional e internacional, pois as quatro músicas do especial vão para o disco, que terá formato vinil. Diferente de “Mundeiro”, conceituado sobre minha herança paterna, negra, “Moura’Yndio” contempla a família da minha mãe, cristãos novos imigrantes de Portugal, que passaram por Recife e se estabeleceram em Ponte Nova, mais precisamente em Ana Florência. Da união de uma das filhas desta família com um descendente do povo Botocudo, nasceu minha mãe, Maria. Mouros e índios. Para recompor esta história, musicalmente, fui a Portugal, Espanha, Pernambuco e Amazônia brasileira. “Moura’Yndio” tem andamento e sotaques de peregrino.

Ademar – Como foi a participação do músico e poeta pontenovense Costa Mello neste trabalho?

Délcio Teobaldo – Meus tios maternos eram todos músicos. Soltos, canto, cordas. Um deles, tio Nelson, era cigano típico. Quando compus a instrumental “Moura’Yndio”, saí à procura daquele violão de que guardava o resultado na memória. Foi quando, em 2014, numa ida a Ponte Nova, ouvi o Costa Mello. Amante da semântica, como eu, e cigano feito meu tio, ele era o músico certo no lugar certo. O violão dele no especial da TV Brasil comprova a feliz escolha.

Ademar – Depois de todas as viagens, pesquisas e shows prontos, qual a sua avaliação?

Délcio Teobaldo – Evito fazer balanços. Olhar para trás para avaliar a caminhada. Saga é seta apontando horizontes, tenha pela frente morros e montanhas, como nas nossas minas gerais, ou mares e nuvens, em que navego atualmente. Tenho consciência de que “Moura’Yndio” é um projeto que pulsa urgências, pela diversidade sonora, de sotaques, de respeito às etnias e aos seus saberes. Exemplifico isto com o toque “Barravento”, que o diretor de Ritmos Pedro Lima traz para a música “Chovediça”, claramente medieval, com cordas, cello, flauta, agogô e udus. Uma mistura que ousa contrariar o óbvio e as partituras para, simplesmente, falar às almas.

Já Costa Mello falou a Ademar sobre sua participação em tal empreitada: “O projeto musical de Délcio Teobaldo é vivido por todos aqueles que moldam o presente com gratidão aos seus ancestrais. Minha participação é um elo de fortalecimento da memória conterrânea que ‘Moura´Yndio’ musicaliza e arranja. Fui capaz de sentir que minha caminhada cultural, que não é feita por atalhos, segue a rota da legitimidade e pode colher o que existe de sincero na arte.”

Quem quiser ver o programa basta procurar no You Tube. Vale a pena conferir ainda o trabalho “Mundeiro”, também disponível no mesmo canal.

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