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Nomes das ruas de Ponte Nova motivam tese de doutorado

A professora pontenovense Glauciane Santos concluiu, nesse 14/11, doutorado em Variação e Mudança Linguística, na Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG. Nos últimos dois anos, ela se empenhou na finalização do  trabalho de campo, tendo como orientadora a professora Cândida Seabra.

Dedicando-se a trabalhar com a toponímia urbana de Ponte Nova, efetuou-se levantamento dos logradouros da cidade. “Encontramos, entre praças, avenidas, ruas, travessas e escadarias, um total de 540, não incluindo as ruas dos distritos do Pontal e de Vau-Açu. Focamos a pesquisa nos 410 logradouros que tinham nomes de pessoas”, informa Glauciane.

A seguir, a entrevista dela para Ademar Figueiredo, da coluna Arte & Cultura, desta FOLHA:

Por que estudar as ruas de Ponte Nova?

Nosso trabalho está inserido numa linha de pesquisa denominada Variação e Mudança Linguística, que adota os pressupostos teóricos da Sociolinguística, que é uma subárea da Linguística e tem como foco o estudo que correlacione aspectos linguísticos e sociais. Desde o mestrado, eu tinha vontade de desenvolver uma pesquisa que fosse além do linguístico, que prestasse um serviço social. Quando fiz uma disciplina com a professora Cândida, comentei que era de Ponte Nova e descobri que, por ela ser natural de Barra Longa, além de ter uma forte ligação com a nossa cidade, tinha vontade de desenvolver uma pesquisa sobre a nossa terra. Então, quando fui aprovada no doutorado, decidimos pela pesquisa sobre a toponímia urbana de nossa cidade. A Toponímia é a disciplina que investiga os nomes próprios de lugares, considerando-os como expressão linguístico-social, que reflete
os aspectos históricos e culturais de um
núcleo humano.

Quais as dificuldades que você encontrou durante sua pesquisa?

A dificuldade maior foi conseguir conciliar as atividades acadêmicas com as profissionais, além das obrigações do dia a dia.  A profissão de professora exige muito do nosso tempo, e a atividade de pesquisadora, também. Percorremos e fotografamos as 410 ruas que compõem os dados da pesquisa, bem como suas placas. Também tivemos dificuldades. No início do trabalho, lá em 2014, busquei, na Câmara e na Prefeitura, por uma listagem das ruas de Ponte Nova, e não consegui em nenhum dos dois lugares. Algumas ruas da cidade estão sem placas e isto dificulta a identificação delas.

Você fez uma relação entre os nomes masculinos e femininos ?

O resultado chamou muito a minha atenção, pois apenas 42 logradouros possuem nomes que homenageiam mulheres.

Que peculiaridades você gostaria de destacar?

Não conseguimos encontrar algumas ruas: umas, porque não estão identificadas, outras, porque foram criadas, mas não existem de fato. Não conseguimos encontrar as leis de criação de 68 logradouros. Há muitos lugares da cidade que eu não conhecia, percorri espaços que eu nem sabia que existiam, e deve ser assim para a maioria dos moradores, pois as pessoas com as quais converso sobre a pesquisa ficam assustadas quando falo sobre o número de ruas com as quais trabalhei.

Com o passar dos anos, a cidade tende a crescer. Que sugestão você daria para nomear essas novas ruas ?

O ato de nomear lugares – sejam eles ruas, praças, escadarias, travessas – é algo que deve ser visto com muita seriedade. O promotor e coordenador da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais, Marcos Paulo Miranda, nos esclarece que os nomes de lugares são considerados pelo ordenamento jurídico como signos da memória e da identidade de uma sociedade, fazem parte do patrimônio cultural e imaterial  de uma comunidade. O legislador, por exemplo, ao propor uma mudança do nome de uma rua, ou mesmo a nomeação de um novo logradouro, deveria antes ter os seus argumentos aprovados pela comunidade local. Também deve-se ter uma atenção com a sinalização adequada dos logradouros.

Quais são suas considerações finais?

É importante ressaltar que Ponte Nova pode ser considerada uma cidade que respeita a sua memória toponímica, pois foram poucas as ruas que tiveram seus nomes trocados com o decorrer do tempo. Além da análise dos nomes, também apresentamos uma nova proposta de classificação técnica para os logradouros. Dessa forma, esperamos que esta pesquisa contribua, mesmo que de forma modesta, para novos estudos acadêmicos e para pesquisas no nível dos ensinos fundamental e médio. Gostaria de aproveitar este espaço para agradecer a todos que me auxiliaram durante esses quatro anos de estudo. Fui muito bem recebida tanto na Prefeitura quanto na Câmara, principalmente por Edinei e Terezinha, e recebi a colaboração de pessoas que de uma forma ou de outra estão sempre envolvidas com a história da cidade, tais como: José Carlos Itaborahy Filho/editor desta FOLHA, João Brant, João Mattos, Luciano Sheik, Marcos Dias e tantos outros.

Nota da Redação Esta FOLHA cedeu reportagem da edição especial dos 133 anos de Ponte Nova, publicada em 30/10/1999, com o catálogo geral de todas as personalidades cujos nomes identificavam ruas, avenidas e outros logradouros.

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