A missa em memória dos 25 detentos assassinados na Cadeia de Ponte Nova há dez anos foi marcada pela emoção, na noite de 26/8, na Igreja Matriz do Centro Histórico. Integrantes da Pastoral Carcerária montaram painel com as fotos dos que foram mortos em 23/8/2007, cujos nomes ornamentaram cruz afixada ao lado do altar.
O padre Wander Torres, assessor da Pastoral Carcerária na Região Leste da Arquidiocese Mariana, fez longo pronunciamento e rezou com os familiares (veja no vídeo).
“Clamamos por justiça em memória dos presos mortos e atendendo ao direito de seus familiares de que os culpados sejam sentenciados. Não podemos acreditar que a justiça também tenha sido queimada com o incêndio de 2007 na Cadeia de Ponte Nova”, disse ele para acrescentar:
"Passaram-se dez anos e o processo ainda é um ponto de interrogação", protestou o padre, que, depois de elogiar juízes e o Sistema Judiciário, em suas “belas exceções”, lamentou: “Alguns processos tramitam na velocidade da luz, enquanto outros, na velocidade de uma lesma.”
Maria Helena Gomes, coordenadora da Pastoral Carcerária, fez emotivo pronunciamento lembrando a crueldade ocorrida na chacina de 2007. Ela e o padre Wander chamaram à frente, no final da celebração, personagens da luta pelos direitos dos detentos:
– Dodora Mucci, Terezinha de Casteo e Antônio Bartholomeu, precursores do Conselho da Comunidade; Antônio Augusto Fonseca/advogado e atual presidente; e agentes de Pastoral, que estiveram ao lado de funcionários da Penitenciária e guardas prisionais.
Familiares dos detentos também ficaram diante da altar, detendo-se na observação do painel com fotos e notícias da chacina, montado a partir dos arquivos desta FOLHA. "O que os detentos fizeram não nos interessa. Eles já estavam pagando a pena. Não existe pena de morte no Brasil, mas eles foram executados quando estavam sob guarda do Estado. Isso não pode ficar impune", disse padre Wander ao final.
Ele ainda convidou todos para o ato público em memória dos 25 detentos mortos no incêndio: para as 9h da manhã de 1º/9 (sexta-feira), programa-se, no espaço da praça do entroncamento das avenidas Custódio Silva e Abdalla Felício (em frente ao UAI), instalação de 25 cruzes com os nomes dos que morreram.