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InícioESPORTEA trajetória do mestre Santos, o pioneiro do jiu-jítsu em PN

A trajetória do mestre Santos, o pioneiro do jiu-jítsu em PN

Prestes a completar 70 anos, José dos Santos de Paula recusa-se a ficar em casa e descansar da labuta de quase meio século de dedicação ao jiu-jítsu pontenovense.

Santos, como é conhecido por várias gerações de atletas, ostenta a faixa rajada (vermelha e branca), que representa o 8° grau após a faixa preta. Desde jovem, ele já gostava de ler sobre a Família Gracie (responsável pela difusão da arte marcial do jiu-jítsu no Brasil e idealizadora do estilo de arte marcial brasileira conhecido mundialmente como “brazilian jiu-jitsu”).

 

Leitura e cinema

Ele leu livros contendo a teoria deste esporte e, como ele admite, não perdia os filmes da série “Rocky Balboa”, protagonizado por Sylvester Stallone. Até que, em 1966, Santos se juntou a outros jovens que praticavam por conta própria o esporte na rua Presidente Antônio Carlos/ Ponte Nova.

“Cada um sabia um pouquinho, e lá aprendía­mos juntos. Saíamos esfolados, pois treinávamos no chão, sem tatame. A maioria desistiu, mas eu dei sequência e resolvi ensinar o pouco que sabia”, relembra este obstinado, que na década de 70 aprendeu a técnica adequada com o mestre (faixa preta) José Paulino, de BH, que atuou em Ponte Nova por dois anos.

Santos prosseguiu na sua formação atlética e nos estudos e, então, em julho de 1976, juntamente com o mecânico de Além Paraíba Haroldo Galine­li, também praticante do esporte, fundou uma aca­demia em espaço anexo à sede do Pontenovense FC, no Centro Histórico de PN.

“Foi a oportunidade que surgiu, e eu fui o pio­neiro do esporte em Ponte Nova, pois ninguém dava sequência. Vinham mes­tres de outros lugares e iam embora. Creio que o sucesso depende de como é o começo, que deve-se começar bem”, explica ele.

 

Nova mudança

Ocorre que em 1977 o sócio de Santos conseguiu um emprego em Ouro Preto e quis fechar a academia. “Eu bati o pé e disse que ele até podia ir embora, mas que eu cumpriria a minha palavra de manter a academia, conforme prometi perante os alunos e seus pais”, conta Santos, que já teve turmas de 70 crianças e 60 adultos: “Nunca me ausentei das aulas.”

O que Santos não esperava, contudo, era que, em outubro de 1978, o então presidente da Federação Mineira de Jiu-Jítsu, José Senador Rosa, que em 1961 havia ensinado o esporte em Ponte Nova, retornaria à cidade para inspecio­nar o funcio­namento das academias.

“Ele pe­diu meu cer­tificado de faixa preta, o que na época eu ainda não tinha, e disse que fecharia minha academia. Eu não aceitei, pois tinha aulas para dar. Então ele propôs testar meus conhecimentos ali mesmo e, se eu fosse aprovado, iria para Belo Horizonte pegar a faixa preta e poderia continuar com a academia”, destaca.

Como Santos bem se lembra, a luta de exame de faixa (contra José Rosa) durou cerca de cinco horas, e Santos foi cobrado também quanto a técnicas de defesa pessoal. Ele se saiu muito bem, adquirindo, então, a condição de ostentar a cobiçada faixa preta.

 

Formar cidadãos

Segundo o mestre Santos, o jiu-jítsu tem como objetivo formar o cidadão para a vida, a partir da disciplina e do respeito a todos os que estejam ao seu redor. Ele orienta no sentido de que os pais que desejem a iniciação dos filhos nesse esporte procurem conhecer bem a acade­mia e os profissionais antes de escolher onde as crianças vão se formar na técnica.

“Atualmente, há muita gente com pouco conhecimento dando aula, e isto não é certo. A pessoa tem que ter competência e experiência para poder saber recuperar atletas lesionados e passar as técnicas da melhor forma possível”, alerta Santos.

Pai de dois filhos, San­tos tentou que seus filhos seguissem os seus passos: Giuliano, 41, nascido no dia da inauguração da aca­demia, em 1976, atualmen­te treina em Juiz de Fora, onde reside; e Luciana, 37, praticou o esporte apenas na infância, para melhorar o equilíbrio e outras per­cepções corporais.

 

Aprendendo com o esporte

Atualmente, na Acade­mia Santos de Jiu-Jítsu, localizada na av. Caetano Marinho/Centro Históri­co, mestre Santos dá aula para crianças a partir de 7 anos. O seu aluno mais antigo é Paulo Fernandes Armindo, 52, faixa preta.

Santos assinala a necessidade de se ter um “estado psicológico” para atuar nesse espor­te. “O jiu-jítsu ajuda o sistema nervoso, tira a brutalidade e a ignorância. Quanto mais nervoso, mais fraco o atleta se torna”, ensina ele, para arrematar: “Se perder, deve respeitar o adversário e aceitar de cabeça erguida. A vitória não é ser melhor apenas nas técnicas, mas também no emocional.”

É sabido que, apesar da popularidade atual e do número de adeptos pelo mundo, o jiu-jítsu ainda não é reconhecido como modalidade olím­pica, o que, para Santos, deve ter alguma expli­cação política envolvendo o Comitê Olímpico.

“A modalidade atende todos os requisitos, e ainda assim não podemos participar das Olim­píadas e não sabemos os verdadeiros motivos disto. Eu espero ainda ver este dia chegar.”

Aliás, parar de treinar e ensinar não são op­ções para Santos. “Quero morrer no tatame. Já pedi 200 anos pro ‘Mestre’ lá de cima, mas, se vierem 100 ou 80 anos, já está bom! Mas uma coisa é certa: eu treinarei enquanto tiver vida!”

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