Depois de concentrar alguns trabalhadores diante da Prefeitura no fim da tarde de 7/3, dirigentes do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais/Sindserp caminharam até a Câmara Municipal com manifestação pró-Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos e alusiva ao Dia Internacional da Mulher (8/3).
A presidente Denise Moura (Tia Denise) falou a esta FOLHA ratificando reivindicações recentes – Plano de Carreira para todo o funcionalismo e atualização do vale-refeição (R$ 9,00 desde 2015). Resumiu ela: "Repudiamos a falta de valorização do servidor."
No plenário do Legislativo, discursaram três servidores da Secretaria Municipal de Meio Ambiente/Semam – Amauri Lima Paula, Layara Amâncio e Tainá Cruz – com duras críticas à Administração Municipal.
Os vereadores manifestaram solidariedade às mulheres pelo Dia Internacional delas, concordaram com os apelos das servidoras e criticaram a Administração por conta de diversos fatores detalhados em seus pronunciamentos.
'Os invisíveis"
Segundo Amauri, os que trabalham na limpeza são "invisíveis perante a sociedade" e carecem de reconhecimento social e profissional, obtendo salários baixos em relação aos servidores de outras Prefeituras do mesmo porte.
Layara Amâncio citou a "árdua função" das auxiliares de conservação de vias, sem reconhecimento pela população e a Administração. No entender dela, a comunidade pode fazer a sua parte com educação ambiental para manter a cidade limpa e a Prefeitura carece de "humanidade para lidar com as individualidades de cada servidor".
'Lágrima de indignação'
Layara se deteve, com "lágrima de indignação", ao relatar a sua "tortura", incluindo "agressões verbais e outras barbaridades" em anos recentes, ao pedir a redução na carga horária por ter filhos com necessidades especiais. O embate definiu-se há três anos, via Sindicato e por sentença judicial, a qual ainda depende de recurso municipal.
No entender de Tainá Cruz, "quando entramos [para o trabalho] não fomos preparados para estar no cargo. Aprendemos com muita dureza, com dificuldade de diálogo dentro da nossa Secretaria". Mencionou o trabalho na rua "sem água, banheiro e um mínimo de dignidade".
Ela defendeu o plano de carreira, pois cada servidor tem o direito de se qualificar e evoluir no trabalho". A seu ver "é surreral" o ticket-alimentação de R$ 9,00. "Tem gente que, quando adoece, perde a cesta básica", disse ela, com longa reflexão sobre as condições de trabalho.
Até os vereadores
Tainá criticou até os vereadores, que "sabem do nosso calorão na rua e ficam aqui no ar-condicionado". Ela cobrou postura radical do Legislativo por melhorias de trabalho e salário, embora enalteça os segmentos da Saúde e da Educação.
"Não estou brigando contra Wagner Mol pessoa, mas contra o administrador público. Precisamos de mais amparo social, de equipamentos de trabalho e também de atitude da população. Eu varro a praça de Palmeiras em cada dia e todos os dias ela está imunda", desabafou a servidora da Semam.
Ela também mencionou os baixos salários e a "repressão" aos que reivindicam e "toleram abuso e humilhação" ao cobrar seus direitos. Falou sobre seus problemas de saúde mental ao encarar seus superiores e se sentir "insignificante nos meus primeiros anos de trabalho".
Com visão crítica em relação "plano lambão" de cargos e salários, defendeu mobilização do seu setor nos moldes dos trabalhadores da Educação e da Saúde. Ela lamentou que muitos políticos trabalhem visando ao período eleitoral: "Depois do voto, não vejo mais ninguém visitar a minha casa."