Em 16/8, daqui a onze dias, começa a campanha eleitoral de 2016, com a sempre acirrada disputa municipal. A novidade fica por conta do “experimento institucional” mencionado pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral/TSE, Gilmar Mendes, como efeito do combate à corrupção, tão bem caracterizado, em tempos recentes, pelo forte impacto da Operação Lava Jato.

Como se sabe, novas regras impõem restrições ao financiamento das campanhas. A doação empresarial para candidatos e partidos está proibida. Pessoas físicas podem doar dinheiro limitando-se a 10% dos rendimentos brutos do doador no ano anterior à eleição.
De imediato, teme-se a montagem de esquema de cooptação de CPFs para mascarar doações individuais. Todavia há consenso de que, com fiscalização regular, deve-se coibir o chamado uso do “caixa dois” no custeio das campanhas.
Além do mais, os candidatos terão limites de despesa (publicamos os valores para o Vale do Rio Piranga em nossa edição passada), e, como informou o TSE, há uma grande preocupação em acabar com o “faz de contas” da prestação de contas.
“Há razões para acreditar que, desta vez, as campanhas terão mesmo de adequar-se a orçamentos franciscanos. E eu penso que isso é bom. É verdade que candidatos enfrentarão maior dificuldade para fazer-se conhecer pelo eleitor e para apresentar suas ideias”, ponderou Hélio Schwartsman em recente artigo na Folha de São Paulo. Pelo raciocínio dele, impor campanhas substancialmente mais baratas tende a diminuir a influência do poder econômico sobre os políticos.
Há quem diga, entretanto, que os fatores acima, aliados ao tempo reduzido de campanha (45 dias e não os 60 dias das campanhas anteriores), beneficiarão quem tiver, por trás de seus nomes e propostas, a força de algumas estruturas, como as máquinas de municípios, sindicatos e outras entidades.
Outro aspecto a considerar: por causa da redução do tempo de TV e rádio, a mídia digital passa ser ferramenta ainda mais importante.
Já está claro, no entanto, que também na internet não basta migrar conceitos, produções e o formato tradicional de palanque. Conteúdo é tudo em termos de redes sociais e ferramentas de busca.
Considerações à parte, há uma constatação nacional: o eleitor está cansado de tantas notícias que mostram o vínculo íntimo entre o poder e a corrupção. Que venham estas novas eleições!