Entrevistado em 8/4 pela Folha de São Paulo, o presidente Michel Temer/PMDB, ao concluir onze meses de governo, não se fez de rogado ao ser convidado a fazer autocrítica:
“Eu acho que não cometi nenhum erro. E cometi acertos, derivados de muita coragem e ousadia, especialmente com apoio do Congresso. E tivemos sucesso. Não consigo vislumbrar um equívoco praticado neste governo”, disse ele.

Três dias depois, num cenário distinto, o prefeito de Ponte Nova, Wagner Mol/PSB, abriu a solenidade comemorativa dos 100 dias de sua gestão com um toque de autocrítica:
“Completamos três meses de governo com muito trabalho. Trabalhamos exaustivamente, eu, minha vice, Valéria, nossos secretários – que não têm hora para chegar ou sair – e os trabalhadores. Em cada dia, surge um novo problema, são muitas as dificuldades, e digo que tivemos infinitos acertos e alguns erros.”
No caso de Temer, cresce, em cada pesquisa de opinião, a desaprovação à forma como ele governa o país (73% dos ouvidos pela pesquisa de 27/3 o desaprovam, segundo dados do Ibope/CNI). Apenas 20% o aprovam. Já a confiança no presidente é de apenas 17% (na sondagem anterior, esse índice somava 23%). E 79% dos entrevistados dizem não confiar no presidente (em dez/2016, o percentual era de 72%).
Em relação a Wagner, não há pesquisa (pelo menos de conhecimento público) de avaliação da imagem de sua administração. Esta FOLHA perguntou ao prefeito qual teria sido o seu maior erro, e ele não pestanejou ao indicar a conduta no processo seletivo de professores (leia na página 5), com inegáveis transtornos para o professorado e a comunidade escolar, bem no meio do semestre letivo.
Não por coincidência, ao completar os seus 100 dias de gestão, Wagner divulgou o seu projeto de reforma administrativa (leia na página 10), cuja avaliação virá nas discussões na Câmara Municipal, mas adiantamos as primeiras repercussões, pois estamos entre os que, apostando sempre nos avanços para o nosso município, acenam com limitações oriundas de diversos fatores, especialmente em decorrência da crise institucional.
O ideal – e para isso servem os conselhos – é minimizar o crédito da parte local da crise à herança deixada pela Administração 2013/2016, à qual – também com seus acertos e erros – foi avaliada definitivamente pela “voz das urnas”. O trabalho apenas começou e requer criatividade e racionalidade diante da crise. Mãos à obra!