Na noite desta quinta-feira (6/4), o presidente da Academia de Letras, Ciências e Artes de Ponte Nova/Alepon, Ademar Figueiredo, fala na Tribuna Livre da Câmara Municipal sobre o tema “Cultura Pontenovense”. A seguir, seu texto, publicado na coluna Arte & Cultura da edição de 31/3 desta FOLHA, onde analisa a demora em se liberar recursos do Fundo Municipal de Cultura.
"Nesta semana, tivemos uma notícia muito ruim para a cena cultural pontenovense. A Cia. Teatro de Bolso comunicou oficialmente, à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo/PN, que desistiu de esperar pela liberação de verba aprovada – através do Fundo Municipal de Cultura – em edital específico no final de 2016.
O teatro pontenovense, que já teve melhores dias, está fadado a ir para o limbo cultural.
Registre-se que o diretor teatral Thiago de Sousa – com seu Grupo de Teatro Viver com Arte – é o único bravo sobrevivente de uma área onde até há pouco tempo tínhamos inclusive Festival de Teatro. Aguardamos a chegada do Grupo de Teatro Musique! Isto demonstra o estrago da procrastinação da Administração Municipal em decidir o efetivo destino desta Secretaria. Afinal de contas, lá se vão 90 dias da atual gestão!
Vale registrar que é louvável o esforço que o Daniel Delvaux vem fazendo para segurar esta peteca, mas também não precisa ser vidente para perceber o equívoco que tal atitude proporcionará a todos nós.
Sobre a liberação da verba dos projetos, a Administração Municipal já emitiu nota a respeito com as devidas justificativas. Mas como fica esta situação, se tudo já estava previsto no Sistema Municipal de Cultura?
Indo um pouco além, faz-se necessário que conheçamos a Lei Municipal nº 3.832/2014 (dispõe sobre o Sistema Municipal de Cultura de Ponte Nova, seus princípios, objetivos, estrutura, organização, gestão, inter-relações entre os seus componentes, recursos humanos e financiamento e dá outras providências). Está tudo lá!
Será que o Executivo e o Legislativo estão atentos a esta lei? E como ficam os outros projetos aprovados? Todos devem ser realizados até o mês de julho deste ano!
A continuar como está, daqui a pouco teremos perdido tudo o que foi feito nesses 12 anos de existência da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, uma adolescente, portanto!
Ao tentar conversar com os vereadores, ouvimos sempre a mesma conversa: 'Só vou emitir opinião depois que receber o projeto de lei da Reforma Administrativa, a ser proposto pelo Executivo.' O único vereador que está aberto para esta questão é o Hermano Santos/PT. Verdade seja dita! Podemos imaginar que neste meio tempo os vereadores estejam buscando informações acerca da cultura (estudando as leis já existentes e inclusive consultando os seus eleitores em suas bases, não é mesmo?) para então votar efetivamente e com conhecimento de causa! Isto, depois de já ter acontecido na Câmara dos Vereadores 'Palavra Livre' exclusiva sobre tal assunto, tendo sido prometido novamente pelos vereadores que esperavam, da parte do Executivo Municipal, o envio de sua proposta de Reforma Administrativa. Assunto encerrado!
A pauta é extensa e diversificada: construção e efetivação do CEU das Artes (em frente ao IFMG e com obras previstas para finalização em abril deste ano), destinação do Hotel Glória (está nas mãos da Codemig, mas, e daí?), Plano Municipal de Cultura (plano decenal, que está parado e é instrumento importantíssimo para a nossa cidade), efetivação da Casa da Cultura (ou outro nome que venha a ter: mas ninguém sabe em que pé estão as obras de reforma, que já duram mais de 5 anos), Festival de Inverno, planejamento das ações para 2017…
Apenas para sermos pontuais, destacamos a realização do Carnaval/2017, que aconteceu por obra e graça da população. Os blocos do Índio, Folclore do Bilisquete, É pra Pirá e do Isoporzinho merecem todos os elogios pela festa que fizeram. Engraçado é que a Prefeitura apoiou o evento, mas não temos o real conhecimento de como foi e nem quanto custou à Municipalidade. Houve avaliação do evento para servir de base para 2018? Estamos no caminho certo? De novo, vale o registro: somente o empenho de Daniel Delvaux – à frente das Secretarias de Educação, de Esporte, Lazer e Juventude e de Cultura e Turismo – é muito pouco! É praticamente impossível realizar trabalho efetivo com tanta responsabilidade atribuída apenas a um secretário.
Somos 60.000 cidadãos com uma história rica, construída há 150 anos e cheios de motivos para nos orgulhar das nossas manifestações culturais.
Noticiamos na semana passada, aqui mesmo neste espaço, a intenção da OAB/PN em lançar o projeto 'OAB é parceira da Cultura', disponibilizando seus espaços para eventos sem fins lucrativos. Parece um gesto simples, mas é uma grande iniciativa, pois a reboque disso vêm a valorização dos artistas, a oportunidade de mostrar suas artes e um fato de extrema importância: a efetiva valorização do Centro Histórico/Ponte Nova!
Assistir a tudo isso com cara de paisagem é muito pouco! Estamos atentos! Não só a coluna Arte & Cultura, mas todos os artistas e produtores culturais, que sentem na pele a falta de apoio e estrutura para desenvolver seus projetos. Não sabemos até onde a classe política está realmente sensibilizada em apoiar, promover e principalmente participar – com suas presenças físicas – das manifestações culturais emanadas de seu povo.
Bom, isto é apenas uma reflexão! Nem falamos sobre turismo rural, educação, esportes,
lazer e juventude!"