Na manhã desta terça (6/9), no Aeroporto de Ponte Nova, ocorreu mais uma decolagem de avião Cesna Caravan/Two Táxi Aéreo, que cumpre rota para o Aeroporto da Pampulha/BH (e vice-versa) desde 26/8 (noutras cidades, o primeiro voo ocorreu em 17/8).
O aeroplano, com capacidade para nove pessoas, levou apenas um passageiro, repetindo a ocupação do voo inaugural (26/8). Note-se que em 2/9 ocorreu voo BH/Ponte Nova com dois passageiros, como apurou esta FOLHA.
O fato é que em nossa cidade, como nas outras onze selecionadas pelo programa de integração regional, com voos subsidiados pela Companhia de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais (Codemig), a taxa de ocupação, desde 17/8, foi de apenas 20%, como informou em 5/9 o jornal O Tempo.
Nos dez primeiros dias do programa, estavam previstas 240 operações. Segundo a Infraero, saíram em torno de 54, com cerca de cem passageiros – média de 1,8 passageiro por voo, equivalente a 20% dos nove assentos. Pelo contrato, cada hora de voo custa R$ 2.900,00 e cada minuto sai por R$ 48,33. A viagem PN/BH tem valor de R$ 190,00. Já a Codemig desembolsou R$ 1.188,21 para bancar os 26 minutos deste percurso.
Sabe-se que, em alguns casos, o avião sai vazio de Belo Horizonte para buscar apenas um passageiro no interior. No caso do voo PN/BH em 2/9, os dois passageiros embarcaram para a Capital em aeronave que partiu de São João Del Rey.
O jornal de BH ouviu o professor de economia Felipe Leroy sobre a meta de gerar operação autossustentável – com as passagens vendidas custeando a operação. Ele questiona o “desperdício de recursos, num momento em que o Governo do Estado não tem dinheiro sequer para pagar os salários dos servidores em dia”.
“O papel da Codemig é gerar desenvolvimento, mas não se gera desenvolvimento colocando nove pessoas num avião e mandando para cidades tão próximas de Belo Horizonte. A demanda é baixa, e basta observar o perfil de quem está viajando”, analisa o professor Felipe.
Segundo Ketnes Costa, professora de Ciências Aeronáuticas da Fumec, uma taxa de ocupação considerada rentável gira em torno de 60%. “Para bancar os custos da operação, cada voo tinha que levar pelo menos cinco passageiros. Não está compensando, pois está saindo muito dinheiro para pouca demanda”, diz.
A Codemig tem contrato mensal de no mínimo 300 horas de voo com a Two Táxi Aéreo, que venceu a licitação. São R$ 870 mil por mês e R$ 10,44 milhões por ano. A Assessoria de Imprensa da Codemig informou ao jornal O Tempo que, se não for vendido nenhum voucher/passagem, em vez de R$ 2.900, a companhia paga só o custo fixo de R$ 1.595. “Se não houver demanda, a Codemig poderá redirecionar os voos para onde houver necessidade”, concluiu a nota.