O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis/Ibama informou, nesta semana, que a mineradora Samarco poderia ser mais ágil na limpeza do reservatório da Usina Hidrelétrica/UHE de Candonga, que conteve parte da lama que desceu da Barragem de Fundão/Mariana provocando inédita tragédia ambiental.
A informação foi divulgada em 5/5 – seis meses após o acidente -, no Jornal Hoje/TV Globo, com imagens do drama nas ruas de Barra Longa e da lama nas águas do rio Doce, numa poluição com “índice 10 vezes acima do normal”. Além disso, o Ibama anunciou a sexta multa à mineradora por causa da destruição de grande área de preservação permanente. O total das multas chega a R$ 291 milhões, que ainda não foram pagas.
Segundo a reportagem do Jornal Hoje, o Instituto apela para a necessidade de dragagem do reservatório de Candonga. Na tragédia de nov/2015, cerca de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos desceram pelos cursos d’água rumo à Bacia do Rio Doce e, 130km abaixo, encontraram o paredão de concreto da UHE, o que ajudou a amenizar a avalanche.
Com isso, o lago foi assoreado com pelo menos 10 milhões de metros cúbicos de rejeitos, e o trabalho de retirada deveria ter começado há mais de um mês, como foi determinado pelo acordo assinado entre a Samarco e os Governos Federal e dos Estados de Minas e Espírito Santo. Até agora, no entanto, nada foi feito, com a profundidade da lama no reservatório chegando a 16m, o que equivale a um prédio de 5 andares, como relatou a reportagem da TV Globo.
O Jornal Hoje ouviu Marcelo Belizário Campos/superintendente do Ibama em MG, que fez um alerta: o metro cúbico de rejeito pesa muito mais que um metro cúbico de água, e a Barragem de Candonga teve seus cálculos projetados para conter água. Logo, para garantir a segurança da barragem, a limpeza do lago é considerada prioridade, mas as dragas nem conseguem chegar perto da área assoreada, estando encalhadas a cerca de 1.500m da usina, devendo movimentar-se com operação “para criar uma lâmina d’água que permita o reboque ou a navegação até a área prioritária”.
Conforme o Jornal Hoje, o Ministério Público de Minas está analisando o motivo do atraso na limpeza do reservatório. “A mineradora pode ganhar prazo maior para retirar a lama ou ter que pagar multa, dependendo da justificativa. Até o momento, a Samarco não se manifestou. Os responsáveis pela Usina de Candonga informaram que monitoram a barragem e que ela ainda não apresenta problemas”, informou a TV Globo.
O Ministério Público/MP informou ao Jornal Hoje que denunciou à Justiça a mineradora Samarco e 14 funcionários por crime de associação criminosa e omissão na prevenção de desastres ambientais. São diretores, gerentes e coordenadores técnicos da empresa. O MP pede o afastamento deles e o recolhimento de seus passaportes. A Justiça ainda não se pronunciou.