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Engenheiro de Viçosa fala sobre o vazamento da barragem

“Qualquer engenheiro faria cálculos que fiz em Mariana (MG)”, disse o engenheiro Samuel Paes Loures, 34 anos, doutor em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Viçosa/UFV. Ele teve seu nome incluído em inquérito das Polícias Civil e Federal que apura as responsabilidades pela tragédia da Barragem de Fundão/Mariana, ocorrida em 5/11/2015.

Ouvido na semana passada pela Folha de São Paulo, Samuel foi acusado – na denúncia policial – de ter ignorado dados do laudo de 2/7/2015 com informe sobre medição do nível da água acumulada, instalado no ponto onde, segundo as investigações, houve a ruptura. Ex-funcionário da VogBR, contratada pela Samarco para aquele serviço, ele entende que “houve equívoco na leitura do relatório”. Loures diz que todos os instrumentos estão em seu banco de dados e foram analisados – exceto os que tinham defeito -, negando que tenha visto sinais de alerta.

A defesa de Samuel alega – perante a Policia Federal -que o indiciamento dele ocorreu antes que ele pudesse explicar-se. Sua casa , em Viçosa, foi alvo de buscas de agentes federais. Loures virou um dos alvos centrais das investigações desde que em dezembro o projetista de Fundão Joaquim Pimenta de Ávila disse à PF que estranhava o fato de o engenheiro ter declarado que ignorou “alguns instrumentos” que detectariam suposto alerta. Ele ainda protestou pelo uso de sua foto em página policial do jornal viçosense Folha da Mata.

A seguir, os principais trechos do depoimento de Samuel à Folha de São Paulo:

“Agendamos visitas para 1º e 2 de julho em todas as barragens. Em Fundão, foi feita na manhã do dia 2. Só ali, percorremos 2,5km. Levou de quatro a cinco horas. Existe um protocolo, que seguimos. Tirei mais de 200 fotos e transformamos o que coletamos em fichas de inspeção.

Com base nos dados da Samarco dos 365 dias anteriores e nas informações daquele dia em que fui lá, fiz um cálculo e avaliei a estabilidade. Havia surgência [espécie de bica de água] na ombreira [lateral] direita, que foi tratada. Verificamos que a água saiu cristalina [se fosse suja, indicaria que o material interno estava sendo carregado para fora, o que é perigoso]. Não havia nada grave. Os piezômetros [medidores da pressão da água no solo] mostravam elevação de água, mas é um fluxo controlado.

Solicitei continuar o monitoramento periódico, desobstruir a drenagem superficial, fazer o plantio de vegetação. Havia mais ou menos 70 piezômetros. Tenho os dados de todos. Apontei mais ou menos cinco com defeito, mas podia ler os que estavam no entorno deles. Não era prejuízo para a análise cinco piezômetros em 70.

Ninguém questionou os meus cálculos. Houve dúvidas no relatório [ele escreveu que piezômetros não foram analisados], mas foram esclarecidas. Infelizmente, pareceu que não havia visto todos, mas foram. Apresentei isso depois. Qualquer engenheiro faria os mesmos cálculos que eu fiz.

Foi precipitada a fala dele [Pimenta  de Ávila] à PF sobre um documento que é de minha responsabilidade, que defendo com unhas e dentes. Da forma como fez, parece que quis se resguardar. Achei ele extremamente antiético. Não vi a trinca [que Ávila apontou em 2014]. Soube disso no dia do meu depoimento.

A Polícia Civil em nenhum momento chamou a gente para depor [ela se baseou nos documentos da PF]. Toda essa situação foi precipitada, como o pedido de prisão preventiva. Não sei se vou ser preso. Não sabemos quais as forças envolvidas. Tudo que está nas nossas mãos nós estamos fazendo.

Quando soube [da ruptura], claro que fiquei preocupado. Poxa, mas o que aconteceu? A primeira coisa que pensei é que a barragem estava em alteamento [elevação] e em operação contínua. Soube que estava quatro metros acima [em relação a julho]. Não avaliei a situação em novembro. A condição de estabilidade que fiz é uma foto de julho de 2015. E estava estável.

Fiquei na VogBR até 31 de julho. Voltei para Viçosa, minha cidade, e abri uma construtora. Recebi cerca de 70 cartas de apoio de engenheiros. Sabem da minha competência. Tenho certeza de que isso vai ser esclarecido.”

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