Dando continuidade às atividades da Semana da Mulher, a Prefeitura/PN, em parceria com a Faculdade Dinâmica, realizou, na noite dessa terça-feira (7/3), debate com alunos do 3º período dos Cursos de Direito e de Enfermagem da Faculdade, em seu auditório.
A proposta foi discutir com os estudantes a questão da violência doméstica, o papel da mulher na sociedade e a atualização de noções sobre o tema do feminismo. Previa-se apresentação da pesquisa "Violência contra a Mulher", feita por grupo de estudos do Curso de Direito da Faculdade, mas isto não ocorreu.
Exibiram-se dois curtas-metragens antes do debate, mediado pela equipe da Secretaria Municipal de Assistência Social e Habitação/Semash, com discurso de Michele Guimarães, psicóloga e chefe de Gabinete da Prefeitura. Vice-presidente do Diretório pontenovense do PT, Michele respondeu na semana passada a duas perguntas desta FOLHA.
FOLHA – Considerando o Dia Internacional da Mulher (8/3) e o Ano do Sesquicentenário de Ponte Nova, quais são as reivindicações que você prioriza como forma de otimizar a inclusão feminina na vida política e social de nosso município?
Michele – Eu compreendo que em toda a história social, política e econômica de Ponte Nova sempre tivemos, nós, mulheres, participação e presença fundamentais nas conquistas e avanços da nossa comunidade. Todavia, muito pela predominância da cultura patriarcal e machista, que não é apenas um demérito de Ponte Nova, fomos mantidas na coxia, nos bastidores. Mas é importante reconhecer conquistas, e hoje ocupamos posições de destaque em diversas áreas, como na cultura, no esporte, na política, na economia, na justiça e na educação, por exemplo. Penso que avanços nas políticas públicas para mulheres virão com o maior empoderamento da mulher na vida política, com mais mulheres ocupando cargos tanto no executivo como no legislativo, porque é aí que se fazem as leis que garantem maior participação e igualdade de gênero nos múltiplos espaços que nossa querida Ponte Nova nos oferece.
FOLHA – Considerando o período que antecede a campanha pró-eleições municipais de outubro, como explicar as poucas candidaturas femininas vitoriosas e como criar ambiente para maior inserção das mulheres na vida político-partidária?
Michele – Concordo plenamente que a participação política das mulheres ainda é comprometida. Nas últimas eleições, apesar de termos tido 3 candidatas mulheres à Presidência, sendo uma delas eleita (Dilma Rousseff), nossa participação na Câmara Federal, no Senado, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais ainda é pequena. Não há como avançar em leis que empoderem as mulheres, que garantam seus direitos e que criem mecanismos eficazes de enfrentamento da violência que sobre nós recai de maneira fatal, sem que estejamos presentes e fortalecidas nestes espaços.
Resumidamente, acho que enfrentamos dois obstáculos: os estruturais, por meio de leis e instituições discriminatórias que ainda limitam as opções de mulheres de concorrer a um cargo; e a mais perversa de todas que o imaginário consolidado pela cultura patriarcal e machista nos impõe: colocar-nos com capacidades diminuídas em relação às dos homens, considerados “líderes natos” e mais eficazes que nós, mulheres.
A saída é o que estamos fazendo desde 1970 (aqui no Brasil): nos organizarmos politicamente em grupos comunitários, conselhos de direitos, partidos, movimentos sociais e pressionarmos pela quebra deste paradigma que nos desvaloriza e subalterniza. A começar por nós, mulheres: precisamos acreditar em nós mesmas. Como bem disse Maya Angelou: “Sou feminista. Já sou mulher faz algum tempo. Seria estupidez eu não estar do meu próprio lado.”