Na Semana da Mulher, esta FOLHA enviou duas perguntas para Stefani Nunes Pereira, assessora de marketing
FOLHA- Considerando o período que antecede a campanha pró-eleições municipais de outubro, como explicar as poucas candidaturas femininas vitoriosas e como criar ambiente para maior inserção das mulheres na vida
Stefani – Vivemos em um país de cultura predominantemente machista e de raízes patriarcais, mas, embora a passos curtos, a mulher parece ganhar mais espaço na política nacional. O caminho, porém, para a cidadania das mulheres está se ampliando, com ênfase nas mulheres mais jovens que têm acesso à educação e ao emprego, mas deixa a desejar para as mulheres que não têm tal acesso, especialmente as mais velhas, e de grupos minoritários.
Desta forma, o ideal seria criar um Grupo Especial da Mulher, vinculado diretamente à Secretaria do Governo Municipal, para formular, coordenar e acompanhar políticas e diretrizes, assim como desenvolver projetos visando combater a discriminação por sexo, idade, raça, cor, além de defender os direitos da mulher e garantir a plena manifestação de sua capacidade, no âmbito do município de Ponte Nova.
FOLHA Considerando o Dia Internacional da Mulher (8/3) e o Ano do Sesquicentenário de Ponte Nova, quais são as reivindicações que você prioriza como forma de otimizar a inclusão feminina na vida política e social de nosso município?
Stefani – A política é historicamente dominada pelos homens, e as mulheres têm dificuldades em vê-la como um campo do qual podem participar. Para uma possível explicação, podemos considerar duas vertentes: a) de um lado, os papéis de gênero tradicionais e a divisão sexual do trabalho; b) de outro, a exclusão promovida pelo próprio campo político.
Desde 1995, a política de cotas foi introduzida no Brasil, mas por si só não tem sido suficiente para solucionar a histórica desigualdade de poder entre homens e mulheres e não tem conseguido reverter – sozinha – a estrutura arcaica e excludente.
Para que haja efetivamente uma maior participação das mulheres, quer nos órgãos diretivos partidários, quer nos processos eleitorais e consequentemente nas instâncias do poder, é preciso que as mulheres, independentemente do sistema de cotas, busquem uma formação política, imiscuam-se nos assuntos de sua comunidade, de seu bairro, de sua cidade, de seu Estado e do País e participem de debates e de discussões das políticas públicas.