Em 10 e em 16/12, a delegada Cleide Fiorillo, da Comarca de Jequeri, não atendeu convocação da Comissão de Segurança Pública/CSP da Assembleia Legislativa de Minas Gerais/ALMG e não foi à audiência pública para esclarecimento de seu ato quando respondia interinamente pela Delegacia de Rio Casca, em razão das férias do titular. Em 1°/12, ela liberou por telefone dois detidos por PMs ferrenses após longa perseguição com apreensão de drogas e revólver com numeração raspada. Segundo a denúncia militar, um dia depois a dupla foi novamente detida (e liberada) a bordo de carro furtado.
Em 16/12, sem Cleide (novamente convocada para depor em 16/2/2016), parlamentares – e o autor do requerimento da audiência, Sargento Rodrigues/PDT – ouviram o comandante da Regional/PN da Polícia Militar, major Luiz Marinho, o sargento Luciano Meira e o cabo Gilmar Silva (que atuaram na ocorrência em questão). Os 2 últimos informaram que uma escrivã ouviu os dois detidos e por telefone Cleide Fiorillo liberou ambos. Já o deputado Sargento Rodrigues registrou que “há, no Ministério Público/MP, várias denúncias contra a delegada Cleide, em supostos casos de improbidade administrativa e prevaricação”. Para o parlamentar, no MP, a Coordenação do Centro Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Público deve investigar o episódio de 1º/12.
Integrantes da CSP solicitaram que a Corregedoria da Polícia Civil instaure procedimento administrativo – se for o caso, com pena disciplinar de suspensão – contra a delegada. Esta FOLHA não conseguiu ouvi-la ontem, 17/12. Em 3/12, Cleide disse à nossa reportagem que “está havendo equívoco da PM e mal-entendido com o desfecho na ação policial. As ocorrências merecem aprofundamento na investigação. Eu autuei os rapazes, mas não ratifiquei o flagrante, pois a lei me dá esta opção”.
Cleide ainda disse: “Conto com escrivãs e investigadores e temos o Sistema PCNet, canal no qual acompanho os dados e, em casos de maior gravidade, eu compareço.” Segundo ela, um rapaz estava ferido (só foi detido ao ser baleado pelo sargento) e sua transferência para a reclusão poderia implicar infecção e outras complicações. Deixei para o delegado titular o encaminhamento para apuração detalhada”, concluiu ela.
Segundo relatório lido pelo deputado Sargento Rodrigues, o cabo Gilmar e o sargento Luciano localizaram dupla de moto com indicativo de que iriam assaltar um autoposto no Centro de São Pedro dos Ferros. Houve perseguição até estrada rural, onde o carona tentou sacar sua arma para acertar a viatura, mas o sargento atirou primeiro acertando-lhe a perna direita.
Logo houve interceptação da moto, cujo condutor era inabilitado. Com o carona havia, além do revólver com numeração raspada, porção de maconha. Já na Delegacia de Rio Casca, a escrivã Karina Conrado de Souza ouviu os militares e os suspeitos, e por telefone Cleide Fiorillo mandou soltar os dois. Estes foram flagrados no dia seguinte, na MG-329, a bordo de carro roubado e novamente ganharam liberdade.
Para Rodrigues, a delegada Cleide deve comparecer à ALMG para explicar por que ela liberou estes indivíduos. Segundo ele, ela cometeu, no mínimo, crime de prevaricação, que é deixar de tomar providências. “Do ponto de vista criminal, confirmou, em tese, crime de prevaricação, porque ela tem um dever de ofício que não praticou, então prevaricou”, disse.
O major Luiz Faustino destacou que os policiais militares procederam conforme a lei e as normas da Polícia Militar. “Eles agiram no cumprimento do seu dever legal”, afirmou ele, lamentando o fato e apelando para que haja "entendimento efetivo sobre o que ocorreu".
O parlamentar ainda ressaltou que espera que o secretário de Defesa Social, Bernardo Santana, afaste imediatamente a delegada do cargo, para que o caso seja investigado, devido ao fato de não ser isolado. Os deputados aprovaram requerimento para que sejam reformuladas moções de aplauso pela conduta do sargento Luciano e do cabo Gilmar.