Na quarta-feira, 25/11, o prefeito de Ponte Nova, Guto Malta/PT, escreveu à presidenta Dilma Rousseff/PT indicando a promoção – com urgência – de reunião para que se avalie a importância de garantia de recursos para investimento na Unidade de Conservação do Rio Piranga.
Ele reivindica custeio federal ou com as multas aplicadas à mineradora Samarco (por conta de recente rompimento de barragem de rejeitos/foto) para tratamento dos esgotos de Ponte Nova e dos 77 municípios que compõem a Bacia do Rio Piranga. No caso de Ponte Nova, já existe projeto tramitando no Ministério das Cidades.
Para facilitar um projeto do Governo Federal, Guto informa que vigora a Lei Municipal nº 3.225/2008 instituindo, neste curso d’água, Unidade de Conservação de Proteção Integral. O chefe do Executivo/Ponte Nova busca respaldo justamente nas argumentações do Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens/Nacab em ação judicial contra a Samarco.
Reivindica que se preserve o rio Piranga como espaço natural capaz de restabelecer a ictiofauna do rio Doce, gravemente afetado pela passagem dos rejeitos. Guto mandou para a presidenta trecho das alegações do Nacab, reforçadas por parecer técnico do especialista Jorge Dergam dos Santos, chefe do Departamento de Biologia Animal da Universidade Federal de Viçosa/UFV.
O pesquisador concluiu que medidas de consolidação da área de preservação – no Piranga – poderão viabilizar “centro de recolonização” do rio Doce. Portanto, o rio que corta o perímetro urbano pontenovense necessita de monitoramento, estudo e otimização da biota aquática e terrestre periférica, bem como de revitalização da mata ciliar.
Para o professor da UFV, o dano ambiental indireto causado aos rios Piranga, do Gualaxo do Sul e do Peixe mais os impactos diretos no rio Doce e no ribeirão do Carmo, na região dos Municípios de Barra Longa, Santa Cruz do Escalvado, Rio Doce e Ponte Nova, são imensos, sobretudo para a biota destes recursos hídricos.
Preliminarmente, Jorge Dergam entende que medidas mitigadoras e compensatórias devam ser adotadas pela empresa Samarco, porque “o desastre ambiental que assolou o ecossistema do rio Doce foi o maior da história do Brasil, causando mortandade de virtualmente toda a fauna de peixes da calha principal do rio”.
Em termos de desastre, continua o especialista, “a avalanche de lama causou impacto equivalente à destruição ambiental ocorrida em Fukushima/Japão, provocada por tsunami. Ainda, de forma semelhante ao impacto deixado pela radioatividade, a lama na bacia do rio Doce deixará efeitos de longo prazo na bacia como um todo”.