“Não é um acidente!” É assim que Márcio Zonta, militante do Movimento dos Atingidos pela Mineração (MAM), classifica o rompimento de duas barragens na cidade mineira de Mariana, na noite dessa quinta-feira (5/11). A foto mostra como ficou o distrito de Bento Rodrigues em 8/11 (domingo).
Falando ao jornal Brasil de Fato, Márcio Zonta criticou o fato de que nenhum órgão público faz de fato vistoria nas barragens e, pelo ritmo da extração mineral, isso acaba ficando por conta das próprias empresas.
“Não há uma auditoria externa que possa dizer 'é necessário isso e aquilo e o gasto será de tanto'. A empresa faz conforme a lucratividade dela não seja abalada. Há um descontrole total da mineração no Brasil, e todas as políticas de ritmos de extração, armazenamento de rejeitos e escoamento dos minérios são especialmente monitorados e feitos pela própria empresa”, criticou ele lembrando que a empresa faz a própria vistoria de monitoramento. Não há auditoria externa.
A entrevista de Zonta foi divulgada pelo Sindicato do Bancários de Ponte Nova e Região no fim dessa sexta-feira, 6/11. Segundo ele, a Samarco tem 50% do capital oriundo da Companhia Vale do Rio Doce/CVRD: “Nós estamos falando de uma barreira de vinte anos que se rompeu e uma empresa como a Vale não tem um técnico que avalie os riscos, mesmo sabendo que eles existem… Como a empresa está com a cabeça no lucro, ela fará de tudo que barateie os custos.”
Os trabalhadores e alguns especialistas dizem que a lama que atingiu as casas pode estar contaminada. A Samarco disse que não, que é somente areia, mas, conforme Zonta, “é impossível ser só areia, a mineração é um processo químico e os rejeitos são tóxicos. Não tem como dizer que é só areia, não existe isso. Há um processo minerador e usam-se diversas químicas e várias outras contaminações surgem pela mecanização. Se fosse só areia, não morreria mata ao redor da barreira” (pelo Brasil de Fato, redigiram Victor Tineo e Bruno Pavan).