Dirigentes da Cooperativa dos Suinocultores de Ponte Nova e Região (Coosuiponte) receberam, na semana passada, representantes da Prefeitura de Ponte Nova – tendo à frente o prefeito Guto Malta/PT – para avançar no projeto de se viabilizar, em larga escala, nas granjas de suínos, a produção de energia renovável a partir do gás gerado via fermentação dos efluentes suinícolas.
A Cemig é parceira do projeto, pelo qual o empreendedor pode manter biogestor para geração de gás combustível economizando energia elétrica e reduzindo custos de produção. Em julho, já houve um 1º encontro, e sabe-se que alguns suinocultores da região já mantêm os seus biodigestores com tecnologia adequada, devendo colecionar a documentação legal exigida para a Cemig aproveitar o excedente da produção de energia.
“O suinocultor que estiver adequado aos moldes exigidos pela lei tem muito a ganhar”, explica o gerente geral da Coosuiponte, Júlio Márcio Natali. Ele exemplificou com uma granja que produza 1.000KW e utilize 800KW. A “sobra” pode ser armazenada na rede elétrica da Cemig em forma de crédito, que o suinocultor vai usar noutro empreendimento, conforme sua conveniência.

Esta FOLHA pesquisou o assunto: o biodigestor produz gás metano a partir da fermentação de bactérias que digerem matéria orgânica em condições anaeróbicas (isto é, em ausência de oxigênio). Sua atuação é a mesma de um reator químico, só que com reações de origem biológica.
A matéria orgânica utilizada na alimentação dos biodigestores pode ser derivada de resíduos da produção suinícola. Sabe-se que um metro cúbico (1m³) de biogás equivale energeticamente a 1,5m³ de gás de cozinha, ou 0,52 a 0,60 litro de gasolina ou ainda a 0,9 litro de álcool e a 1,43KWh de eletricidade.
Há mais de dois mil biodigestores já implantados no Brasil, mas este número ainda é pequeno, se comparado com as mais de 700 mil granjas de suínos no território nacional.
Se for considerada apenas a população suína, cuja produção de dejetos é mais fácil de ser controlada, serão encontrados hoje, no Brasil, aproximadamente 38 milhões de animais. Cada animal produz de cinco a oito kg/dia de dejetos, entre esterco e urina, o que daria algo como 247 milhões de kg de dejetos/dia, ou 90,2 bilhões de kg/ano, que antes era pura poluição.
Sse processada nos biodigestores, contudo, podem produzir aproximadamente 900 milhões de m3 de gás metano/ano, equivalentes a 64 milhões de botijões de gás de cozinha. Cada propriedade, assim, poderia converter-se em microusina produtora de energia alternativa renovável.
Na rotina, é uma geração de renda extra para o suinocultor, além da produção do animal. A energia produzida pode alimentar todos os equipamentos elétricos e a gás da granja, desde a casa (bocais de luz, refrigerador, televisor, computador, aparelhos de som, fogão, micro-ondas etc.) até a própria pocilga (terminais de luz, aparelhos diversos etc.). Assim mesmo, com certeza, haverá excedentes, que poderão ser comercializados.