A solenidade de premiação dos vencedores da 2ª edição da Gincana “Sua Casa, Nossa Câmara!” teve uma convidada especial: a pontenovense Rosa Maria Rodrigues Gazire Rossi, que é juíza-auxiliar da Presidência do Tribunal de Justiça do Tocantins/TJT.
Ela proferiu a palestra "EducaJus – De Papo com a Justiça", considerando que no TJT desenvolve o Programa Educativo SocioJurídico e coordena este programa nas escolas públicas da Capital/Palmas. Rosa é filha de Neide e do saudoso Roberto Gazire e veio à sua terra natal atendendo convite do presidente da Câmara, Wellerson Mayrink/PSB.
Rosa investe na formação de estudantes porque "uma das missões principais do Judiciário é a pacificação social, principalmente pela educação". Além do mais, entre os macrodesafios deste Poder Judiciário "está o cumprimento do planejamento estratégico 2021-2026, visando à proximidade com a sociedade e à garantia dos direitos fundamentais".
A juíza desenvolveu o EducaJus em seu curso de mestrado como programa interdisciplinar com foco na promoção da "desjudicialização consciente". No entender dela, a educação "é um semear contínuo que traz resultados a longo prazo". Por outro lado, diz ela, "a Justiça é espaço de cidadania ativa, comprometida e criativa se tiver função efetiva, fortalecendo a democracia e com ênfase em direitos humanos".
Rosa se diz fascinada com a escola, pois "ali se encontram várias famílias, várias culturas, várias educações, num ambiente onde se constrói a igualdade a partir das diferenças. Ela repudia "a educação utilitarista, mercadológica, de decoreba".
Adepta dos fundamentamos do saudoso Paulo Freire [um dos pensadores mais notáveis da pedagogia mundial] e da metodologia da educadora Vera Maria Candau [uma das mais importantes pesquisadores da área de Didática no Brasil], a palestrante aposta no diálogo, onde prevaleçam valores como empatia, autorresponsabilidade, autoconhecimento, respeito, solidariedade, justiça e igualdade.
A magistrada lembrou o quanto a democracia brasileira é recente, com sua Constituição de 35 anos. "Temos muitas lacunas que distanciam o cidadão do ato de pertencimento à sociedade", sublinha ela, assinalando o diálogo com personalidades fora do ambiente forense justamente para ter ótica além do Direito, rumo à educação social e à gestão socioemocional.
Rosa se deteve em analisar o conflito "como oportunidade para que eu possa olhar o outro, não como adversário, inimigo, mas como um horizonte diferente do meu". Ela se propõe a atender municípios distantes das sedes de comarca, porque nestes locais os cidadãos procuram menos o Judiciário.
"Estamos nos aproximando da sociedade através da escola, pois esta é espelho da sociedade, abrigando o futuro da nossa nação", diz ela, mirando-se na Agenda 2030 da ONU e seus objetivos de: "desenvolvimento sustentável, erradicação da pobreza e busca da paz e da justiça inclusiva, equitativa e igualitária".
A juíza aposta na educação formadora de cidadãos críticos: "Aprendi a me comunicar com estudantes, professores, gestores de escola e de Secretarias de Educação". Entre as técnicas, ela destaca a "oficina das emoções", que leva equipe interdisciplinar para o ambiente escolar. No campo das novidades, a palestrante incluiu a proposta do Conselho Nacional de Justiça de efetivar o Ano da Justiça Restaurativa na Educação.
Rosa ainda discorreu sobre a realidade encontrada nas famílias e nas salas de aula, da falta de transporte escolar à ausência de absorvente para as meninas: "E são diversos os fatores que contribuem para a evasão escolar."