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InícioREGIÃOCarta Verde Ambiental de Hélcio Totino

Carta Verde Ambiental de Hélcio Totino

Em função da mais longa estiagem na bacia do rio Piranga e com as noticias recentes sobre a progressiva extinção – pelo mundo afora – das abelhas, reportamos-nos – com atraso, mas em tempo – à “Carta Verde Ambiental” editada no final de 2014 e divulgada ainda no 1º trimestre deste ano, por Hélcio Totino, ex-presidente do Codema/PN, integrante da ONG Puro Verde e com extensa biografia ambientalista.

Aos caríssimos amigos, conterraneos e compatriotas!

Venho registrar uma nova postura cidadã no foco ambiental para, “como protesto”, deixar de falar e atuar em relação ao meio ambiente e por ele deixar de lutar! isto virá a ser para mim como que a privação de um alimento da alma e o deixar de fazê-lo mal se compara como se fôra uma greve de fome! minha decepção atingiu o auge; estou indignado. não que minhas forças se exauriram, mas sim que o descrédito total me atingiu.

01. Espero que essa atitude encontre, pelo menos, a solidariedade de muitos amigos para que comecemos, de vez, a buscar o impedimento a que se concretizem as ameaças em vez de esperar que elas causem danos estabelecidos contra os quais teremos de vir a ter que lutar a duras penas, muitas vezes em vão por tardia a luta.

02. Enormes têm sido as agressões ambientais que nos veem de dentro e de fora do país, mas está iminente a pretensa invasão do país por florestas mortas de eucaliptos geneticamente modificados, o que não é de se tolerar.

03. A mídia informa que seríamos o primeiro país do planeta a aceitar e aprovar tal “legalidade absurda”, justo quando o país já percebe as primeiras evidências do não avaliável malefício que recebeu o nome de “Colapso das Colmeias”, desse inseto (a abelha) – talvez o mais importante de toda a história da humanidade e das civilizações, como o é todo o universo das variedades de abelhas das espécies melíferas e fecundantes, polinizadoras, e já sabemos que a maior ameaça a esse precioso “rebanho” se dá pela presença dos “GMO” /OGM (Organismos Geneticamente Modificados), conhecidos como transgênicos, e que, justo por assim o serem para fins econômicos do capitalismo selvagem, predador do meio ambiente natural, e ampliando a níveis intoleráveis a grande ameaça de afetar as abelhas com grave risco de sua extinção, justo pela substituição das condições naturais da vegetação “viva e interativa” em um ecossistema sadio por outro, artificial, contrário à plena condição de vida. Einstein já vaticinou que “se as abelhas forem extintas a humanidade não sobreviverá ao período de quatro anos e meio após, por falta de alimentos”.

04. Aquilo de que o Brasil precisa, no presente, é de reflorestamento nativo, com espécies naturais próprias ao local, de seu ecossistema, em sua variedade e complexidade, junto ao que daremos oportunidade natural do desenvolvimento de todas as espécies apropriadas e sem os riscos dos usos abusivos e predatórios dos agrotóxicos de que se utilizam as culturas de espécies transgênicas.

05. Como alguém já o disse, alhures, em certo momento recente, não combate o desmatamento e seus problemas simplesmente com uma política de “Desmatamento Zero”. Mais do que isso, há que cuidar-se de ação compensatória relativa aos desmatamentos já havidos e aos ainda em curso de execução, que continuam à revelia da população e da responsabilidade socioambiental efetiva.

Em plena ocasião em que se acentua a preocupação com o abastecimento de águas potáveis e o desregramento do regime pluvial, com secas ou regimes agressivos de elevadas precipitações pluviométricas e danos por enchentes, aventam a introdução de florestas mortas do novo eucalipto “GMO”, para acentuar um problema não apenas no ambiente direto em que se inserir e, o pior, não identificadamente, mas sobre o todo do clima e dos eventos além da região do seu estabelecimento. Sua introdução afetará não apenas sua localização com, e também, outras, ao seu redor ou não e sim ao todo.

Vejam:

  1. O plantio extensivo das espécies do eucalipto, mesmo nativas e muito menos as geneticamente modificadas, não constitui reflorestamento no sentido lato uma vez que nenhuma “floresta” existe e persiste sem a biodiversidade inerente, sendo que o eucaliptal extensivo é conceituado por alguns da área agronômica como “Floresta Morta” já que em seu ambiente típico, por ser estéril, não convivem outros seres orgânicos, não existem alimentos para os animais, não há o convívio simbiótico que forma um nicho ecológico.
  2. A gota d´água nos vem do anúncio visto no conceituado Boletim do ECODEBATE, Edição 2.211, de 09/dezembro/2014, acesso pelo link: http://www.ecodebate.com.br/boletim-diario/, COM O TITULO “A quem interessa o Brasil ser o primeiro país a liberar o plantio de árvore transgênica? por Flávia Camargo”.

http://www.ecodebate.com.br/2014/12/09/a-quem-interessa-o-brasil-ser-o-primeiro-pais-a-liberar-o-plantio-de-arvore-transgenica-por-flavia-camargo/

  1. Por essa via tomamos conhecimento de que a CTNBIO deu andamento ao processo e a Subcomissão Setorial Permanente de Saúde Humana e Animal do colegiado aprovou, em novembro, a liberação comercial do eucalipto transgênico. Agora, falta a aprovação na Subcomissão Setorial Permanente das Áreas Vegetal e Ambiental, para que posteriormente o pedido de liberação possa ser encaminhado à plenária para a aprovação final.
  2. Essa aprovação é do interesse da internacional “FuturaGene”, como recortamos:

I. “O eucalipto transgênico foi desenvolvido pela empresa “FuturaGene”, uma subsidiária da “Suzano Papel e Celulose”, a segunda maior produtora de celulose de eucalipto do mundo. De acordo com a empresa, o eucalipto transgênico pode elevar a produtividade do volume de madeira em até 20% em relação ao eucalipto convencional”.

II.Como recortamos, sabe-se, à sobeja, que a esses 20% a mais de produtividade para a empresa exploradora interessada, se contrapõem e não se avaliam os custos negativos decorrentes dos prejuízos ambientais, imediatos e futuros, que a presença desses “eucaliptais extensivo” virão a causar, como floresta morta que são?

(1) ao Ecossistema local/regional/global, em termos de biodiversidade e equilíbrio ambiental de grandes áreas,

(2) aos mananciais de água por, sabida e irrefutavelmente, ser uma planta altamente consumidora de água que absorvem dos lençóis freáticos, mesmo os profundos, conhecida, assim, como geradora de seca ao seu redor, resultando em consequente aumento da demanda solicitada aos lençóis freáticos que suprem a rede de filões de água do ambiente em que se situar, empobrecendo fontes, filões, córregos, ribeirões e rios que, em sua maioria, abastecem as propriedades rurais vizinhas de cultivos alimentares ou os vilarejos habitados que dependem do abastecimento suficiente de água para sua sobrevivência saudável,

(3) Afeta também a presença e equilíbrio vitais que decorrem para todas as espécies de vida que habitam um “nicho ecológico” nativo, expulsas ou extintas na presença da monocultura do eucalipto,

(4) consequências imprevisíveis pelo fato de as abelhas virem, posteriormente, a sugar néctares de plantas transgênicas e fazerem, depois as naturais visitas e trocas outras com plantas nativas ou de culturas na região, com sérios riscos de afetação e/ou degeneração destas,

(5) expressiva redução ou mesmo extinção de alguma espécie viva (macro ou micro) que esteja presente apenas no local e que seja afetada pela extinção da vegetação diversificada e da simbiose do nicho ecológico a ser atingido, este, pela monocultura extensiva,

(6) outros aspectos que apenas os especialistas e as pesquisas de alta especialização são capazes de apontar.  

III.“Pecando” por sermos apenas “ambientalistas” e não um “Cientista Especializado” somos, no entanto e como que, “atrevidos” ao ponto de assegurar que a pretensão não resistirá a uma análise precisa e profunda das realidades que se manifestariam com a instalação e ampliação desmedida de cultivos transgênicos em contraponto com a anterior existência preservada com vegetações naturais e com as “vidas” ai eliminadas.

IV.O povo haverá de se alertar para resistir a que os cofres particulares de empresas se locupletem e elevem seus lucros com o pretendido aumento de produtividade (sic) à custa da subtração das virtudes e características da natureza pura, nativa, não transgênica e a transferência dos problemas advindos e os prejuízos não calculados do que isso tudo representará tanto para a natureza, como para a população e seu próprio país.

V. Oportunamente, entendemos que todas essas pretensões exploratórias com “OGMs” deveriam ser objeto de contribuição compulsória para um fundo de seguridade ambiental a fim de que este, em futuro, comportasse a reparação de danos imprevistos causados às coisas, animais, pessoas e entidades, assim como, e também, para indenização específica aos prováveis atingidos pelos efeitos diretos e indiretos do “convívio” ou proximidade com a “inovação tecnológica” de inocuidade não absolutamente comprovada á exaustão em todos os demais aspectos.

VI.Talvez, os pretendidos 20% a mais da produtividade vegetal não cubra, nem de longe, os prejuízos – mesmo parciais, de que tal mudança acarretará tanto ao meio ambiente, à natureza, ao povo, á nação e á vida no planeta, com destaque para as vidas humanas que coexistirem com os efeitos decorrentes do fato em suas vertentes danosas á vida.

Em requerendo:

 Por essas e outras razões que poderão ser acrescentadas pelos que aceitarem nossas preocupações e postulados, somos contrários à liberação do “Eucalipto Transgênico” em nosso território nacional, encarecendo ao Ministério Público Federal que acolha nossas preocupações e se faça presente; também aos dignos compatriotas e componentes da “CTNBIO” que se dignem a exigirem comprovações mais aprofundadas dos quesitos de segurança ambiental, prévios e se abstenham de aprovar atabalhoadamente tal pretensão de implantarem em primeira mão (experiência) justo em nosso país, a não comprovadamente inócua tecnologia de transgenia, encarecendo, concomitantemente aos poderes legislativos e normativos federais que tomem conhecimento do conteúdo deste e se apressem em expedir a legislação e normas impeditivas à ação equivocada da CTNBIO e possibilidades de danos ambientais e sociais irreversíveis por meio dela e do que aprovariam, assim como encarecemos também aos gestores competentes do Governo Federal, área Executiva, sejam os do geral, os da área ambiental, os da segurança nacional e demais pertinentes, que impeçam essa tremenda aventura que representaria a inserção no contexto de nossa já tão atingida cultura e civilização.

Após a circulação desta ao conhecimento dos amigos próximos, do público e das indicadas autoridades, empenhar-me-ei na mais ampla difusão desta carta até que se desenvolvam os processos irreversíveis de uma decisão final e, solenemente afirmo que, se concretizado a liberação do eucalipto transgênico enganosamente aprovado, não mais tratarei de assuntos ambientais como protesto e atitude de desencanto, definitiva.

VIVA O BRASIL!

Ponte Nova, 14.12.14

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Hélcio Totino, 80, Ambientalista pioneiro,

Ex-Presidente do CODEMA – Ponte Nova; Eco Rio-92* Representante do Governo Municipal; Membro da ONG-PURO VERDE; Comenda do Mérito Legislativo – Câmara Municipal Ponte Nova; Comenda do Mérito Ecológico – Câmara Municipal Ponte Nova; Comenda Setembro Verde – CODEMA – Conselho Munic. Defesa  M. Ambiente de Ponte Nova.

 

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