
O processo de programação, que envolve a previsão das receitas e a fixação das despesas, ocorre de forma concentrada uma vez por ano, mas está sujeito ao longo deste período a diversas alterações, ligadas ao corte ou aumento de despesas. Existe um paralelo claro com o orçamento pessoal: ao longo do ano podem ocorrer imprevistos ou novas necessidades de gastos, ou mesmo a necessidade de conter despesas, que levam a mudanças de planos e a alterações no orçamento familiar.
Nos gastos pessoais e mais ainda nos gastos públicos, é de grande importância manter as planilhas atualizadas e condizentes com a realidade dos custos e a disponibilidade de recursos. Mas é também importante a capacidade de realizar um bom planejamento inicial, evitando sustos e crises ao longo do período. Neste artigo enfatizamos este aspecto, analisando as dotações iniciais definidas pelo setor de planejamento da Prefeitura, comparadas às dotações atualizadas por função para o quarto bimestre, a partir dos dados do Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO).

Como se pode observar pelo quadro, a Prefeitura de Ponte Nova vem demonstrando um indicador de 1,16 para a despesa total, destacando um deslocamento de 0,16 em relação ao indicador ideal. Dentre as funções de governo, a que vem apresentando maior desvio no presente exercício financeiro é a cultura, que orçou seus gastos inicialmente em R$ 2 milhões, mas conta com um valor já atualizado de R$ 11 milhões.
Vale destacar que o indicador não permite aferir a regularidade do gasto público, dizendo apenas a respeito da capacidade dos órgãos internos da Prefeitura de realizarem o seu planejamento. Em situações de grande desvio, no entanto, é importante que os entes reforcem ações de transparência, a fim de demonstrar as razões das atualizações, explicando os gastos extras para a população. Além disso, vale lembrar que o setor de planejamento, os vereadores e a população devem estar atentos a estes movimentos, para exigir adequações nas Leis Orçamentárias seguintes, quando o desvio passar a representar um gasto corrente.
Lauro Marques Vicari – Economista (UFV) e mestre em Administração Pública (FJP)
Lucas Adriano Silva – Doutorando em Economia Aplicada pela UFV