O primeiro ano da morte da educadora Ana Regina de Carvalho Castro, nesse 11/6, motivou singela lembrança na Escola Estadual Professor Raymundo Martiniano Ferreira (EE Polivalente), onde ela se destacou como diretora por vários mandatos. O sucessor dela, Glauciano Corrêa Rosado, juntou-se ao pessoal da Escola e aos familiares da saudosa professora para em 12/6 plantar muda de ipê branco em área anexa à sede escolar.
Lá estiveram a mãe dela, Francisca Carvalho, a irmã Rogéria de Carvalho Castro Sampaio e as filhas Luíza e Lívia, representando os demais parentes para o emocionante ato que teve este detalhe: há cerca de dois anos o ipê foi escolhido por Ana e cultivado pela mãe dela, com previsão de mais um adorno para aquela área.
"Ela foi uma pessoa ímpar, inesquecível. E para eternizá-la, nada mais propício que regar esta planta. Ela já estava doente quando escolheu esta muda e, tendo completado um ciclo, é hora de iniciar outro. Em solo fértil, esperamos que cresça, se fortaleça e que daqui a alguns anos nos retribua com milhares de lindas flores brancas", escreveu Rogéria, que é psicóloga. A seguir o seu texto:
"O educador se eterniza em cada ser que educa.
Com esta citação do educador Paulo Freire, registramos uma pequena homenagem a Ana Regina de Carvalho Castro, que há um ano nos deixou. Deixou saudade, uma falta imensa, mas deixou exemplo, referências e motivação para prosseguirmos.
Ela deixou sementes. Sementes que plantou no coração de cada criança, adolescente e jovem nestes 43 anos de magistério, sendo a metade deles dedicada à direção na Escola Estadual Professor Raymundo Martiniano Ferreira, seu querido Polivalente.
Sua vida escolar, do antigo primário até a conclusão do Magistério na Escola Nossa Senhora Auxiliadora, foi marcada por intensa participação esportiva nos áureos anos dos jogos estudantis e muitas amizades, tendo sido plantada ali sua vocação como educadora.
Filha da professora Francisca de Carvalho Castro e sobrinha de quatro professoras não menos brilhantes (sua inesquecível tia e madrinha Paulina, suas tias Ignez, Rita e Luzia Carvalho), Ana Regina iniciou o Curso de Educação Física na sua amada UFV aos 17 anos e aos 20 o concluiu, tendo logo em seguida lecionado no município de Conselheiro Lafaiete.
De lá, retornou para Ponte Nova como professora de Educação Física na rede estadual de ensino, até exercer sua verdadeira vocação como excelente gestora que era, na direção do Polivalente (permitam-me chamá-lo assim…). Carinhosamente era como ela sempre se referia à escola, na qual deixou um grande legado, muito mais que um retrato na parede.
Ana Regina era casada com Celso Barroso Vasconcelos e teve três filhos, Henrique, Lívia e Luísa. Incansável estimuladora da educação dos filhos, hoje, lá de cima, deve se orgulhar do resultado dos seus esforços, que nunca mediu, para que eles fossem bons e competentes profissionais que são.
Mas Ana Regina não queria só para si ou só para seus filhos. Esta preocupação e zelo se estendiam aos seus sobrinhos, aos filhos das amigas. Mas, e principalmente, aos alunos que recebia na escola. Ela queria oportunidades para todos e por esta razão declinou de várias outras possibilidades e dedicou-se integralmente à educação pública.
Ela acreditava no direito à educação, para todos, sem discriminação de raça, cor, credo, gênero, condição socioeconômica. E era seu papel fazer valer este direito, facilitando o acesso a todos, sem discriminação e sem privilégios.
Aliás, seu olhar sempre foi especial para aqueles que mais precisavam. Acolhia aqueles que estavam em defasagem escolar, seja por qual motivo fosse; acolhia aqueles adolescentes que precisavam de cumprir Medidas Protetivas; acolhia os egressos do Sistema Prisional, acolhia os PCDs (pessoas com deficiência); acolhia aqueles que queriam retomar seus estudos. Acolher era sua palavra de ordem!
Dava conta de tudo e nada escapava do seu olhar… Aquele aluno que encabelava as aulas e ela o encontrava nas ruas e com aquele jeito especial lhe dava uma “bronca”… Aquele aluno que abandonou os estudos e ela ia na casa dele e o convidava a voltar, Roupas, sapatos, mochilas, material escolar para aquele que não os tinha…
Preocupava-se com todos os detalhes: alimentação rica e equilibrada, material esportivo e de laboratório, segurança e conforto em sala de aula, qualidade de ensino, capacitação dos professores, modernização… Era 'polivalente'. Tia Ana, para todos. Era assim, com familiaridade, que tratava todos e todos a tratavam.
Sair com ela pela cidade era exercício de paciência, porque parava para conversar com todos: encontrava um aluno, um ex-aluno ou pais de aluno em todo lugar e sempre tinha uma palavra única e exclusiva para cada pessoa. Seus alunos e suas famílias não eram um número. Eram pessoas e ela sempre tratou a todas com dignidade e igualdade.
Uma pessoa ímpar, inesquecível. E para eternizá-la, nada mais propício que regar a semente plantada por ela. Por estar razão, no dia 12 de junho, sua família, acompanhada de alunos, docentes, funcionários e atual diretor, Glauciano, plantaram uma árvore em sua homenagem. Uma muda de ipê branco, escolhida por ela para adornar o Polivalente e cultivada cuidadosamente pela sua mãe, durante dois anos. Ela já estava doente quando escolheu esta muda e, tendo completado um ciclo, é hora de iniciar outro.
Em solo fértil, esperamos que cresça, se fortaleça e que daqui a alguns anos nos retribua com milhares de lindas flores brancas. Ato simbólico, sabemos. Bem na entrada da escola que amava. Ali, recebendo cada aluno, um por um, com um sorriso e um abraço."