
Conheceram-se assim: ela, criança, indo (adorava) com o tio, todo sábado, comprar banana ouro. Na época, ela já olhava pra ele. Depois de grande, ela, consciente do seu gostar, não podia tê-lo. Encontraram-se bem mais tarde, várias vezes, nos momentos de passeio com a família do então namorado. Ela nem suspeitava de que ele seria, por toda sua vida adulta, o seu preferido.
O reencontro aconteceu em Lavras Novas: ela, professora de Geografia, levava sua turma da Escola Estadual Professor Raymundo Martiniano Ferreira (Polivalente) para uma aula de campo; e ele estava com a turma de Minas Gerais. De lá pra cá, não se largaram mais.
Ao contrário da maioria dos relacionamentos, ela e ele amam percalços, quanto mais obstáculos, melhor. Gostam de andar na areia. Adoram escorregar em trilhas pedregosas. Amam-se na chuva e brindam cada caminhada pelos bares que encontram. Não se importam com a poeira dos copos nem com a lama dos caminhos. Ela é Cláudia Pataro Machado, Claudinha para os pontenovenses. Ele é o jipe. Juntos garantem que a união vai longe. De preferência em estradas de terra, é claro.
Cláudia começou com o Jeep Willys, o modelo original, que se tornou o nome genérico para este tipo de veículo. Depois, ela teve os da Suzuki: um “Vitara Canvas, que é aquele com capota de plástico; um Vitarinha verde, que é aquele de capotinha normal, de aço; um Gran Vitara, o pratinha que eu ‘derreti’; o laranja Jimny e o Suzukão, um branco em que eu ‘sentei o porrete’.”
Hoje é dona de um jipe Mitsubishi 4×4 ASX. À primeira vista, parece um carro só de asfalto. Mas Cláudia garante: “Ele aguenta, vou colocar uns rodões, levantar a suspensão um bocadinho.”
O sorriso que já é farto, se alarga quando fala do estilo jipe de viver. Sair por aí, com a cervejinha e o tira-gosto, parar com a turma pra fazer um churrasco, é só “risaiada”.
Depois que trouxe a caravana do Jeep Clube de Minas Gerais a Ponte Nova (“Eles adoraram por causa das canas. Você entrava no canavial sem saber aonde ia. É muito bacana e o visual é lindo”), Claudinha estreitou laços com os jipeiros da cidade. Hoje é a presidenta do Jeep Club Rota 4×4 de Ponte Nova.
“– E o que você faz como presidenta do clube?”
“– Ultimamente só estou fazendo as festas, lá na chácara” (risadas).
Os jipeiros não vivem só de festejar e praticar o esporte off-road. Nas enchentes e catástrofes, ajudam (e muito) as pessoas de Ponte Nova e região, além de promoverem doações para entidades carentes.
Quem conversa com Cláudia nunca sai sem sorrisos. Melhor, sem risadas. A jipeira é a diversão em forma de gente. Ela vive a vida, com leveza, alegria e fé. Católica praticante, vai à missa todos os domingos. Devota das Nossas Senhoras da Graça e Auxiliadora, ela reza muito. Na Quaresma, fez a quarentena de acordar quatro horas da madrugada e rezar com o padre Gilson da comunidade católica brasileira Canção Nova até as seis da manhã (“Ele juntou milhões de pessoas nessa quarentena. Foi lindo demais”). Na segunda-feira passada, foi rezar o terço na porta do Hospital Arnaldo Gavazza.
“– Graças a Deus, tenho uma vida tranquila, muito boa.”
De manhã, depois de fazer na cafeteira italiana um café preto de boa qualidade, Claudinha sai de casa. A primeira parada é o ponto entre a rua José Vieira Martins com a Dom Bosco (“Paro ali na minha esquina porque tem meus velhinhos com quem converso primeiro”). Depois, caminha até o banco, parando pra conversar com todo mundo: “Tem dias que demoro duas horas.”
Seu jeito comunicativo transformou-a em ótima corretora de imóveis. Caso queira negociar, ligue antes, porque ela, Claudinha, pode estar fora de área com ele, o jipe.
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