
“Queremos justiça! Nossa filha merecia viver”, desabafou Marcos, que esteve nesta FOLHA com Janaína Stefânia Damasceno Carvalho, mãe de Kênia. Ele ainda acusou mau atendimento pela Portaria do Hospital e mostrou o berço e o enxoval (foto) preparado para receber a menina, a qual se chamaria Tayla Eduarda.
A declaração de óbito assinada pelo médico Célio Luiz Fernandes menciona “aspiração meconial, desconforto respiratório e falência cardiorrespiratória”. O relato de Marcos e Janaína permite este resumo acusatório:
– Kênia entrou em trabalho de seu segundo parto. Aos 16 anos, deu à luz um menino nascido de cesárea. Tinha, segundo a denúncia protocolada na Ouvidoria do HNSD, hipertensão gestacional;
– Ela tinha dores desde 7/3, sentiu contrações fortes já em 9/3 e, nas idas e vindas ao HNSD, só foi internada no começo da manhã de sábado (11/3), recebendo informe de que ficaria em observação para se obter a dilatação adequada para a efetivação do parto normal.

– Janaína fotografou o parto e notou que havia fezes no rosto do bebê. Daí o informe de “aspiração meconial” inserido na denúncia. A recém-nascida tinha dificuldade em respirar e engoliu o mecônio, matéria que defecou durante o estresse do parto, como informa a literatura médica.
– O relato de Marcos à Ouvidoria do Hospital informa que a menina foi levada direto para a UTI Neonatal, havendo comunicado da morte às 18h.
Marcos suspeita de “descaso médico” e também aponta atendimento inadequado no Programa de Saúde da Família/PSF do bairro São Pedro, “inclusive com demora na assistência depois do sofrimento no parto”, disse ele.
Providências hospitalares
Responsável pela média de 150 partos por mês (cinco por dia), o Hospital de Nossa Senhora das Dores/HNSD é referência macrorregional no atendimento materno-infantil.
Sua Direção divulgou esta nota: “Esta instituição informa que acompanha o caso, o qual está sendo estudado e avaliado em todas as suas etapas pela Comissão de Óbito Infantil, via Núcleo de Segurança do Paciente, pela área da Coordenação do Serviço de Obstetrícia e pela Diretoria Técnica do Hospital.”
Enfermeira explica
Perante esta FOLHA, a enfermeira Andrea Prata Neto, coordenadora do PSF do bairro São Pedro, disse que lamenta profundamente o corrido e garante que sua equipe não atuou com negligência no pré e pós-parto da paciente.
Andrea se preparava para visitar Kênia ontem, quinta-feira (16/3), e informou que coleciona documentação sobre o caso, o qual já motivou procedimento na Comissão de Investigação de Mortalidade Materno-Infantil mantida pela Secretaria Municipal de Saúde.