Esta FOLHA convidou a Escola Nossa Senhora Auxiliadora/Ensa – parceira deste Jornal mesmo durante a pandemia – para contribuir com reflexões sobre o longo isolamento social e a retomada das aulas presenciais. O espaço foi oferecido para dirigentes, professores, estudantes e seus pais. A seguir, o depoimento de Aniela Maria Coelho Dutra Clemente, professora de Língua Portuguesa na Ensa.
“Foi uma grande surpresa, que trouxe consigo um misto de medo, preocupação e ansiedade. De uma hora para outra, a escola fechada e as salas de aula dentro das nossas casas. Fomos obrigados a nos reinventar, pensar diferente, encontrar soluções para que conseguíssemos continuar oferecendo aos nossos alunos um ensino de alta qualidade.
O tempo não foi um aliado. As mudanças e transformações que se impunham em curto prazo nos obrigaram a guardar antigos saberes e modos de ensinar, privilegiando novas formas de ensino e convívio com nossos alunos e colegas.
Não foi fácil para ninguém, pois uma mudança tão brusca gera insegurança e desconforto, mas o suporte dado pela escola foi robusto em todos os sentidos e deixo aqui a minha gratidão.
Foram muitos cursos de aprimoramentos, palestras e momentos de conversa, para que este momento conturbado fosse vivido de uma forma menos difícil, pois o professor por si só ama o contato professor-aluno, especialmente o olho no olho. Senti muita falta disso, acostumamo-nos a ‘ler’ os jeitos de olhar dos nossos alunos, coisa que o virtual não nos permite.
O tempo foi passando, e o que era novo passou a ser o habitual e nos adaptamos. Acredito que passamos a ver que, na verdade, só transportamos a escola de lugar: agora estava na casa de cada um. Apesar de toda a limitação, nós nos doamos ao máximo para minimizar as dificuldades que foram impostas. Novos desafios se apresentam para nós mais uma vez: mesclar o presencial com virtual, um verdadeiro malabarismo!
A primeira semana de retorno presencial me deixou em êxtase, muito mais do que eu imaginava, poder ver meus alunos, estar próxima deles, olhar diretamente nos olhos de cada um, senti liberdade e alegria.
Este período serviu para que valorizássemos mais as coisas simples, que antes eram despercebidas por nós. Espero que todos os profissionais da educação e alunos se sintam acolhidos e seguros para o retorno. O momento é de esperança: com cada um de nós fazendo a sua parte, dias melhores virão.”