Seguindo pauta especial desta FOLHA sobre o debate da criminalização de atos infracionais de menores de 18 anos, ouvimos o comandante da 21ª Companhia da Polícia Militar/Ponte Nova, major Jayme Alves da Silva.
Alguns defendem a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos para diminuir os crimes. O assunto está em discussão no Congresso Nacional via Proposta de Emenda à Constituição/PEC.
Sabe-se que atualmente adolescentes (12 a 18 anos) não são julgados pelo Código Penal Brasileiro, e sim pelo Estatuto da Criança e do Adolescente/ ECA. Há quem defenda “endurecimento” do ECA, o qual já prevê penas que vão da advertência à internação (mas faltam os Centros de Internação), passando pela prestação de serviços, liberdade semiassistida etc.
Fato é que o envolvimento de menores em crimes em Ponte Nova e na região é constantemente registrado pelas Polícias Civil e Militar.
Perguntado sobre o que acha da redução da maioridade penal, o major alegou que não pode falar em nome da PMMG e manifestar a visão institucional da Corporação.
“A PM é uma instituição legalista, que cumpre o que estiver em vigor, buscando sempre a prevenção criminal e a pronta resposta nos casos em que os crimes ocorrem”, resumiu ele.
Para o comandante, esse é um assunto “sensível, com correntes favoráveis e contra. Prefiro não manifestar opinião, porque a PM será sempre imparcial, e agiremos de acordo com as leis em vigor, incansavelmente”.
Perguntado sobre se é frustrante para o militar ter que apreender o menor e saber que ele vai retornar em pouco tempo às ruas, o comandante faz a seguinte análise:
“Preocupa-nos muito a questão da reincidência. Alguns menores são recorrentes em atos infracionais análogos a crimes, e alguns têm a sensação de impunidade em razão da visão distorcida de que sendo menor não poderá ser preso.”
Ele ainda completa: “A situação não é assim, e as internações podem ser aplicadas e normalmente acontecem em razão de atos violentos ou para aqueles reincidentes.”
Jayme comenta que, apesar de a maioria das pessoas desejar que os menores recebam tratamento mais rigoroso, é “preciso ressaltar que nenhuma instituição decide por vontade própria: cumprimos as leis em vigor em nosso país e não podemos agir de forma diferente do que está previsto”.
O comandante enaltece o Estatuto da Criança e do Adolescente/ECA: “Ele é muito interessante, e, se aplicado corretamente, o efeito é positivo.”
As dificuldades surgem com a falta de vagas para internação dos infratores. “Com esforço e envolvimento de todos, as vagas, contudo, têm sido disponibilizadas e os responsáveis por atos graves são internados imediatamente”, diz ele.
“A responsabilidade diante de atos graves pode determinar que o menor permaneça internado até que complete 21 anos. Ou seja, o jovem pode perder sua liberdade, mesmo quando adulto, pelo fato de sua conduta ser constantemente avaliada”, explica Jayme.
“Esta visão de que ‘sou menor e isso não dá em nada’ é um grande equívoco, pois o menor é, sim, responsabilizado por seus atos”, pondera o militar.
Para concluir, o major cita os trabalhos da Polícia Militar para prevenir a situação dos menores envolvidos com infrações em geral.
Conclui o major: “A PMMG realiza ações preventivas nas salas de aula com o Proerd [Programa Educacional de Combate às Drogas] e a Patrulha Escolar. Não tenham dúvidas de que, sendo necessário, a PM se empenhará para que o rigor da lei prevaleça para quem se mantém no caminho desviante e incorre na prática de atos infracionais.”