Em 14/6/1857, o Povoado passou de Capela Filial da Paróquia de Furquim à categoria de Vila, com o nome de Freguesia de Ponte Nova, vinculada juridicamente à Comarca de Piracicaba e abrangendo as Freguesias de Abre Campo, Barra do Bacalhau, Barra Longa, Santa Cruz do Escalvado e São Sebastião da Pedra do Anta, todas desmembradas do Município de Mariana.
O mesmo decreto instituiu as Paróquias de Santa Rita do Turvo (hoje Viçosa) e Paulo Moreira (hoje Alvinópolis) e o Distrito de Santa Margarida.
Com estes atos, ocorreu uma considerável evolução, pois, nas estatísticas de 1823, a Paróquia do Senhor Bom Jesus do Furquim, que tinha como Filiais as Capelas de Ponte Nova, Ubá e Conceição do Gualaxo do Norte, possuía 6.870 habitantes, sendo 2.890 em Ponte Nova.
Para instalação da Sede do Município em Ponte Nova, surgiu, em 16/10/1861, lei provincial prevendo implantação da Câmara e da Cadeia.
A eleição de 6 vereadores e de um presidente ocorreu em 2/12/1862, com estes nomes: comerciante Luiz José Pinto Coelho da Cunha, coronel Miguel Martins Chaves e capitães Manoel Francisco de Souza e Silva, Sebastião José Pereira do Monte, Antônio Carlos Correia Mayrink, Joaquim Rodrigues Milagres e Antônio Justiniano Gonçalves Fontes. As patentes identificavam cidadãos que representavam aqui a Guarda Nacional, instituída pela Regência em 18/8/1831.
Manoel era filho do sargento-mor Manoel de Souza e Silva, radicado em Mariana, e tinha um irmão, o coronel Antônio Ildefonso, o qual doou terreno para construção da sede da primeira Câmara/Ponte Nova.
Com a posse do grupo, em 26 de abril de 1863, ato provincial oficializou o 60º Município da Província, ainda na condição oficial de Vila-Sede da Comarca do Rio Turvo com estes limites: Província do Espírito Santo e Municípios de Santa Bárbara, Mariana, Piranga, Viçosa de Santa Rita e Muriaé.
Escravidão
A região de Ponte Nova prosperou com as fazendas – conquistadas em regime de sesmarias -, obviamente mantidas à base do trabalho escravo. Note-se que em 1833 o governador da Província de Ouro Preto, Antônio Limpo de Abreu, ordenou ao juiz de Paz de Ponte Nova que averiguasse a rotina de escravos furtados da Corte e vendidos aos fazendeiros pontenovenses.
Estatística da Província de Minas Gerais revela que em 1875 Ponte Nova tinha 8.434 escravos “matriculados” na Junta Classificadora de Escravos, presidida por José Maria da Silveira. Documento da época registrava em 1874 a morte de 245 deles e a liberdade para 92.
Temendo algum tipo de revolta, os donos de terra cediam ou doavam aos seus fiéis escravos ou agregados algum título que lhes possibilitasse a liberdade ou mesmo a posse de bens.
Alguns anos antes da Abolição (1888), Maria Genoveva Martins, esposa do então deputado provincial Antônio Martins, organizou liga abolicionista. A libertação dos escravos tinha como condicionante a prestação de serviço durante algum tempo, adotando-se o sistema de parceria agrícola com trabalhadores livres nacionais e colonos estrangeiros. Estes – na maior parte – eram italianos, que chegavam para trabalhar nas fazendas.
A ocupação geográfica
O crescimento das comunidades anexas a Ponte Nova justifica a autonomia progressivamente conquistada. Em 1862, por exemplo, enquanto a Vila de Ponte Nova possuía 6.436 habitantes, Abre Campo já tinha 10.420.
Naquele ano, eram 9.156 pessoas em São Sebastião da Pedra do Anta e 8.196 na Barra do Bacalhau. A Vila de Ponte Nova, com seus 536 eleitores, também não era o maior Colégio Eleitoral do nosso Município. Este era composto dos Distritos de:
– Abre Campo, Barra do Bacalhau/Guaraciaba, Barra Longa, Jequeri, Nossa Senhora da Conceição do Casca/Rio Casca, Santa Cruz do Escalvado, Santa Margarida, São Miguel, São Sebastião da Pedra do Anta/Pedra do Anta e Ribeirão Vermelho e Tapera/Porto Firme, além dos Povoados de São José do Quati e São Simão.
Os anos seguintes foram de preparativos para que Ponte Nova conquistasse a denominação de Cidade. E isso aconteceu com a Lei Mineira nº 1.300, de 30/10/1866: “Fica elevada à categoria de Cidade a Villa de Ponte Nova”, registrou o então presidente da Província, Joaquim Saldanha Marinho.