Fernanda de Magalhães Ribeiro – Secretária municipal de Cultura, Turismo e Comunicação

Exagero? Não. Ainda passamos por abusos e assédios que parecem ridículos em pleno 2022.
Estamos nos afastando aos poucos de um passado bem mais obscuro, caminhamos, inegáveis as conquistas, mas ainda estamos muito distantes de onde precisamos chegar.
Faço parte de uma Equipe de Governo em que o cargo de vice pertence a uma mulher. Somos 7 mulheres em cargos de confiança do Governo Municipal, 7 mulheres à frente junto ao grupo que faz a gestão de uma cidade. E ainda é pouco, somos um grupo atípico, a maior parte das equipes por todos os cantos e municipalidades é composta em sua maioria de homens.
Os números estão mudando? Sim, mas o que dizer das condições de trabalho e tratamento? As piadinhas com base na aparência física, as cantadas disfarçadas de elogio, sim, porque, se você é mulher e está “toda produzida”, é o que você procura.
Ainda há diferenças de salário, ainda há diferenças na abordagem e acesso. A mãe com filho pequeno em busca da oportunidade de trabalho, será que vai ser contratada? A mulher recém-divorciada receberá o mesmo acolhimento do homem em igual situação? A que traiu, então coitada, essa nem se fala, os títulos são horrorosos e quase sempre eternos.
Ainda carregamos a culpa na alma, na cabeça e no coração. Não se enganem pelo empoderamento, pelo salto alto e olhar firme. Por trás ainda estamos em posição desigual e sermos muito mais fortes é só o que nos resta, quase sempre.
Texto publicado nesta FOLHA na edição – de 11/3 – alusiva ao Dia Internacional da Mulher.