Danth Luís Duarte denunciou na Câmara Ponte Nova, em 11/11, a lama gerada no entorno da obra da sede da Unidade Básica de Saúde/UBS do bairro Santo Antônio, num cenário agravado pela continuidade da chuva.
Ele mostrou fotos na condição de morador vizinho da obra, no Vale do Ipê/Volta da Banana, enfatizando que a conclusão estava prevista para esse 6/10.
“Nem o muro de contensão foi terminado. Há 20 dias não vai lá ninguém [da Prefeitura] para verificar as inúmeras reclamações. Ontem [quarta-feira, 10/11], um trator fez a limpeza da rua Maria Concenza, mas a situação continua a mesma. Carros ficam atolados, outros não conseguem passar. Os moradores têm que limpar a rua por conta própria, com água particular”, frisa Danth.
O denunciante vê descaso total com o dinheiro público e com a população do bairro numa obra do Governo Federal e da Prefeitura. Disse ele: "Preciso que vocês, vereadores, cobrem do prefeito as providências.” Danth afirma que teme pela queda do muro de contenção: "E aí haverá perda de mais dinheiro público.”
Ele assim arremata: "O que mais me espantou no início da obra é que esse cimento todo do muro da frente foi feito à mão por cinco funcionários, sem betoneira. Para o muro do fundo é que mandaram um caminhão. A placa foi colocada depois."
Prefeito responde
Os 13 vereadores assinaram documento solicitando ao prefeito providências no local. O prefeito Wagner Mol/PSB respondeu no início da semana: “Em agosto de 2021, tivemos parecer favorável à etapa de ação preparatória que autorizou a transferência de recursos ao município, porém ainda não recebemos o repasse."
Disse o chefe do Executivo: "A etapa do início da obra dentro do sistema de monitoramento federal só é superada após recebimento de recursos. Na preparação do terreno, a terraplanagem e o muro de contenção têm custeio municipal."
Segundo Wagner Mol, a empresa contratada foi notificada em janeiro de 2021 para a retomada dos serviços desta etapa, que segue em andamento.
"Não houve, contudo, notificação quanto ao prazo de conclusão, pois aguardamos o recebimento de recursos, sendo que a partir da data do crédito temos 90 dias para superar a etapa de início da obra, atestando no mínimo execução de 30%", continuou o chefe do Executivo, que arrematou:
"Tão logo o crédito do recurso aconteça, passará a contar nova data de início da obra, alterando a informação de início e término. A data de conclusão será de 9 meses a partir do crédito do recurso."
Vereadores se manifestam
André Pessata/Podemos disse que "a Prefeitura deu o pontapé inicial nesta obra com recursos próprios, contando que já estava conquistada esta verba e que ela cairia neste prazo de janeiro até agora para dar sequência na obra. Uma vez que não entrou esse dinheiro, a obra foi paralisada. A empresa – para seguir com a obra – precisa do recurso".
No entender dele, "se o Governo Federal não enviar o recurso, não tem como continuar [a obra]. A Prefeitura tem feito paliativo, como valas lá atrás. Retirou o barro da rua. O Demutran instalou placas de mão e contramão, não podendo voltar. Tenho um amigo que tem um Lava Jato nesta rua e ele precisa entregar os carros limpos, e não sujos de barro".
Emerson Carvalho/PTB disse que na primeira chuva os vereadores já solicitaram providências. Registrou que houve intervenção no gramado com trator para evitar que a água descesse, mas isso não resolveu, conforme relatou Danth.
Para Sérgio Ferrugem/Republicanos, seria viável fazer uma canaleta para escoar o material solto que é levado pela chuva. Juquinha Santiago/Avante cobra urgência, pois o talude tem terra chamada de piçarra e esta continuará descendo com o mau tempo.
Wellerson Mayrink/PSB sugeriu a obra noutro local, e não abaixo de um barranco que está caindo. “Imagina se estivesse uma UBS ali! Perderíamos o investimento”, frisou ele. José Roberto Júnior/Rede quer saber se a Prefeitura fez estudo técnico para construção naquele terreno.
Guto Malta/PT disse que tem a sensação de que o ofício-resposta do prefeito está errado: “Se é contrapartida da Prefeitura, ele não depende de dinheiro do Governo Federal. O projeto tem 100% de recurso: 5% de contrapartida têm a ver com o terreno preparado para receber a UBS. Acho difícil fazer a mudança do local, pois já foi aprovado no Ministério da Saúde.”
O vereador petista insistiu em sua proposta de se criar uma Comissão Municipal de Monitoramento e Fiscalização de Obras: “A cidade está derretendo literalmente. O Danth é mais um que traz a realidade do dia a dia.” Guto ironiza: "Você está literalmente no 'inferno de Dante' (filme em que uma cidade é ameaçada pelas lavas de um vulcão). Você está vivendo a tragédia.”
Wagner Gomides/PV disse que o "caos na obra começou no início do ano com a poeira, logo depois agravada com a pandemia da Covid. Parece uma tragédia anunciada". Para o presidente Antônio Carlos Pracatá/MDB também comentou sobre a situação da obra: “É um desrespeito com os moradores. Já fizemos o ofício, e veio uma resposta que não está batendo. Vamos continuar cobrando.”