
Para isso, utilizaremos informações da abordagem de Desenvolvimento Econômico Local (DEL) construída pelo Sebrae/MG (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), cujo objetivo é facilitar a tomada de decisão voltada às necessidades locais sob a ótica do desenvolvimento econômico, compreendido como a “elevação do padrão de riqueza e renda de um determinado território, desde que esse processo contribua para a melhoria das condições de vida das pessoas, de todas elas, inclusive das que viverão no futuro, e que atue também na melhoria do ambiente de negócios e no crescimento e no fortalecimento dos pequenos negócios”. Acredita-se que os municípios têm vantagens comparativas e competitivas a serem exploradas e, se compreendidas, podem auxiliar no planejamento estratégico e na formulação e implementação de políticas públicas coerentes com as potencialidades municipais.
Com base nessa abordagem, o Sebrae/MG criou o Índice Sebrae de Desenvolvimento Econômico Local (ISDEL), que nos possibilita extrair a realidade econômica de Ponte Nova com base em uma métrica numérica que considera as seguintes dimensões: capital empreendedor; tecido empresarial; governança para o desenvolvimento; organização produtiva; e inserção competitiva. Cada dimensão é composta por subdimensões que, por sua vez, são compostas por diversas variáveis. A seguir, discutiremos sobre cada uma dessas camadas, tentando destacar as principais informações que conseguimos extrair.
Ponte Nova em cada dimensão
O gráfico abaixo representa a situação de Ponte Nova em cada dimensão da métrica nos anos de 2015 a 2019, único período reportado pela base de dados. No geral, percebe-se que o município atuou em faixas médias e altas dos indicadores com trajetórias crescentes em cada um deles, à exceção do indicador de Capital Empreendedor. Essa dimensão representa o estoque de capacidade empreendedora do território e é composta por variáveis como número de empresas per capita e densidade de matrículas em cursos técnicos, profissionalizantes e ensino superior.
A Governança para o Desenvolvimento teve o melhor desempenho entre os demais, cujo foco do indicador está em demonstrar a presença de associação entre a sociedade civil, o mercado e o poder público, contemplando variáveis como a presença do município em consórcios e a existência de conselhos e de planejamento urbano.

Outra dimensão que merece destaque é a Inserção Competitiva, que demonstra o quão bem o município se posiciona fora do seu território de maneira competitiva. Nesse aspecto, é possível dizer que Ponte Nova melhorou o seu fluxo de comércio per capita e o seu percentual de emprego em economia criativa e turismo. No entanto a variável “complexidade econômica” – conceito discutido na coluna anterior – não apresentou melhora significativa.
Ao agregar os valores dos indicadores de cada dimensão, chega-se ao resultado do ISDEL, que indica como o município tem desempenhado em termos de desenvolvimento econômico. Ponte Nova, em todos os anos apresentados, esteve em um patamar considerado alto, segundo a classificação sugerida pelo Sebrae.
Em linhas gerais, a abordagem DEL possibilita adentrar em diversas discussões sobre os componentes do desenvolvimento econômico pontenovense. No entanto, ainda é possível construir uma avaliação de Ponte Nova comparando-o aos municípios de sua vizinhança, não só para termos uma melhor compreensão das potencialidades do município, mas também pelo aspecto competitivo e cooperativo que as relações econômicas municipais oferecem.
Gabriel Caetano – Economista (UFV) e mestrando em Políticas Públicas (Insper)
Luís Felipe Araújo – Economista (UFV) e mestrando em Economia (UnB)