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InícioCIDADEDiscurso e elogio a Kleber Rocha na festa da Alepon

Discurso e elogio a Kleber Rocha na festa da Alepon

A Academia de Letras, Ciências e Artes de Ponte Nova/Alepon promoveu, na noite de 8/11, no Salão Nobre do Pontenovense FC, sessão solene de aniversário da cidade. A solenidade vai resumida na página Arte & Cultura da edição impressa desta FOLHA que circula neste 16/11. A seguir o discurso do novo acadêmico Walter Horta Barbosa.

“Com muita satisfação participo desta sessão solene, em que com a graça de Deus, o apoio e o reconhecimento da Alepon, sou recebido por esta nobre e honrada academia como um de seus membros e, portanto mais um na luta pela Cultura, pela Literatura e pela Arte de Ponte Nova.

Tenho certeza que fui muito feliz ao escolher o Professor Kleber Rocha como meu patrono de ingresso nesta augusta entidade. Lembro me dele subindo o morro do pau d’alho, quando eu ainda era taxista e fazia ponto naquele local, não sabia eu que Deus em sua infinita bondade me daria a honra de fazer parte desta entidade que ele bravamente liderou sua fundação e por ela, com certeza dedicou muito de sua vida. Professor Kleber, nas palavras do acadêmico José Camilo fez simplesmente isto:

‘Kleber Rocha fundou a Alepon e dela tornou-se viga mestra. Ocupou a presidência do sodalício mais de uma vez e continuava trabalhando, (…) Kleber acalentava muitos sonhos para o futuro da ALEPON, mas, quando era chamado de viga mestra da academia, ele retrucava com seriedade e franqueza: A Alepon deve caminhar com seus próprios pés! Durante todas as décadas em que ocupou a cátedra para formar três gerações de alunos, ele adquiriu profundos e invejáveis conhecimentos dos idiomas latinos, e esses conhecimentos transformaram-no em um crítico ferrenho que jamais abria mão do correto uso da gramática ou do bom conteúdo de uma peça literária.

Mas, por um desses caprichos insidiosos do destino, Kleber Rocha, o professor meritório, escritor fecundo, gramático, ortógrafo e latinista diligente que tanto cultuava a musicalidade poética e gramatical da Última Flor do Lácio, não conseguiria o restabelecimento da musicalidade sistólica e diastólica daquele seu grandioso coração, posso ainda parafrasear o nobre José Camilo, afirmar que o Professor Kleber deixou (…) ‘uma procissão interminável de amigos, colegas professores, colegas acadêmicos e, principalmente, três gerações de alunos estudantes, médicos, engenheiros, administradores, contadores, advogados, odontólogos, professores e… quantos mais!!!!  Ficou a eterna saudade.’

Uso agora as expressões do meu querido Professor Gilson, embora eu não tivesse a honra, como ele, de conviver com Professor Kleber: eu pude sim, podemos e poderemos ‘desfrutar de sua bondade, sua gentileza, seus conhecimentos, sua ternura. Zeloso no cumprimento do dever. Rigoroso, ritualista e, principalmente, sério. Compreensivo ele era. Sempre professor, sempre Kleber, sempre Rocha. Rocha de valores humanos e cristãos.’

Afirmo isto, senhores e senhoras aqui presentes, porque suas obras literárias são de primeira classe, sua contribuição para a cultura de Ponte Nova extrapolou as salas de aulas, as escolas, as livrarias, os jornais, e as revistas; pois veio através destes meios de comunicação adentrar os nossos corações, onde com certeza guardamos doces e meigas lembranças de tão nobre ser humano, que realmente procurou viver a imagem e a semelhança de seu criador. Deixo aqui uma descrição linda que meu patrono fez sobre a terra que o acolheu:

Ponte Nova

‘No fundo do morro, tentando ficar mais juntinho de Deus, as torres da Matriz de São Sebastião, na elegante beleza das suas linhas, são duas mãos recebendo bênçãos do Alto e espalhando-as pela cidade. Mais em cima, a Igreja do Rosário, na mesma atitude de prece. E, lá embaixo, o rio Piranga acariciando a paisagem, arrastando-se preguiçoso, marulhoso, dengoso. O casario chegou até ele. Passou por ele, que passou a ser o rei. Passou a dominar. É o ponto de referência. Ponto, pontes… Ponte velha, ponte nova… Ah! Ponte Nova! Ponte Nova centenária dos velhos sobrados com mil sonhos obrigado, mil histórias a contar.

Prédios novos, soberbos, marco vertical de novos tempos, com mil projetos grandiosos, mil problemas em desafio. As serenatas das noites quentes, com lua em zigue-zague no espelho do rio. Gente que canta, gente que ama, gente que sofre, gente que morre, tudo jogado nos anos que correm, na juventude que estuda, nos trabalhadores que madrugam, nos carros que buzinam, nas sirenas que apitam, no comércio que enfeita e movimenta as ruas… É Ponte Nova!’ (trecho de crônica do livro “Entre ladeiras e palmeiras” – Kleber Rocha)

Gostaria de não ter cometido nenhuma ‘mancadinha’, Professor Kleber, mas, se o fiz, peço desculpas à sua memória e a todos que compartilham deste momento conosco, pois a emoção é enorme e a gratidão infinita.

Enquanto membro da Alepon, procurarei, sim, ser pelo menos um bom soldado, sem fugir à luta, representando-a da forma mais digna que puder e onde estiver, contribuir com o que for preciso e possível, pois Ponte Nova não teria o reconhecimento artístico e literário que tem hoje em plano Nacional se não tivéssemos a coordenação e organização da Alepon, haja vista as medalhas de reconhecimento que nossa presidente muito merecidamente tem recebido no Estado de Minas e no Brasil.

A todos os presentes, autoridades e convidados, os meus mais sinceros agradecimentos, e ao Deus eterno o meu infinito louvor.

Para finalizar apresento nesta sessão solene, orgulhosamente a Biografia do meu patrono Professor Kleber Rocha, que como diria o apóstolo combateu um bom combate:

Kleber Rocha, viveu 82 anos. Nascido em Miracema/RJ, em 27/5/1930, radicou-se em Rio Pomba/MG, no início da adolescência. Casado com Wanda Maria Barbosa Rocha, o casal teve quatro filhos (Orlando, Mírian, Fernando e Maísa) e mudou-se em 1973 para a nossa cidade.

Licenciado em Letras pela Faculdade de Ciências Humanas – Fach/PN, lecionou (português, literatura e artes) durante mais de três décadas, principalmente no Colégio Salesiano Dom Helvécio, de onde saiu, em 1993, para assumir a Direção da EM José Maria da Fonseca/Colégio Municipal.

Cronista, Kleber Rocha colaborou em diversos jornais e com esta revista (Guarapiranga News) durante 5 anos. Publicou também por longo tempo, na Folha de Ponte Nova, a coluna Nossa Língua, Nossa Gente.

Com 4 livros – Só Deus Sabe (1967), Folhas ao Vento (1972), Entre Ladeiras e Palmeiras (1991) e Na Poeira do Tempo (2004) – integrou também a Academia Municipalista de Letras/MG, a União Brasileira de Escritores/SP e a Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete/MG. Fundou – e presidiu – em 1994 a Academia de Letras, Ciências e Artes de PN/Alepon e é verbete da Enciclopédia de Literatura Brasileira e do Guia de Escritores Brasileiros.

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